Movimento social dos ferroviários protesta contra reforma do setor imposta pelo presidente Macron.
O primeiro dia de greve dos trabalhadores dos caminhos de ferro franceses começou em força esta terça-feira, com o Governo a assegurar que "pretende seguir com as reformas", reconhecendo, no entanto, que se avizinham "dias difíceis" no hexágono.
Os sindicatos do setor protestam contra a reforma imposta pelo presidente Emmanuel Macron, que prevê uma abertura do setor aos privados, como é desejo de Bruxelas, assim como mudanças no sistema de contratação, na idade da reforma e no estatuto dos trabalhadores da SNCF (operadora pública francesa de comboios).
De acordo com a AFP, circularam apena dois TVG de cada oito previstos, enquanto, no caso dos comboios regionais, foram apenas um em cada cinco.
A direção da SNCF anunciou uma taxa de adesão na ordem dos 33,9% de manhã, um número inferior ao registado dia 22 de março. No entanto, 77% dos maquinistas aderiram ao protesto esta terça-feira. Os revisores eram, de acordo com a empresa, 69% a fazer greve.
Os sindicatos rejeitaram os números anunciados pela empresa logo a seguir à sua divulgação. Tanto CGT-SNCF como CFDT-Cheminots referiram estar "surpresos" com as taxas de adesão comunicadas. Para o porta-voz do sindicato SUD-Rail, a direção da SNCF "perde assim qualquer credibilidade."
Os sindicatos anunciaram, nos últimos dias, que a greve teria uma duração total de três meses, com dois dias de greve em cada cinco, num total de 36 dias de paralização.
Manifestações nas ruas das principais cidades
Em Paris, uma manifestação juntou cerca de 2700 pessoas, de acordo com a polícia. As autoridades referem momentos de confrontos entre agentes e manifestantes na capital. Várias manifestações tiveram lugar em cidades como Bordéus, Tours, Lille, Toulouse e Lyon.
O chamado Projeto de Lei sobre o pacto ferroviário será votado em primeira leitura dia 17 de abril, na Assembleia Nacional (câmara baixa).
De resto, o apoio à greve não é maioritário, pelo menos de acordo com um inquérito realizado pelo instituto de sondagens e estudos de opinião IFOP para o semanário Journal de Dimanche.
Uma opinião dividida
De acordo com informações divulgadas na página France Info, da France Télévisions, 53% dos franceses disseram que a greve não tinha justificação, enquanto 46% pensava o contrário.
O protesto dos ferroviários teve lugar ao mesmo tempo que houve uma greve na Air France, a quarta para exigir aumentos dos salários. A direção da empresa disse que foi possível assegurar 75% dos voos.