Medida surge depois de anunciadas as penas por corrupção no chamado Caso Gürtel.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) apresentou no parlamento (câmara baixa) uma moção de censura contra o presidente do Governo, Mariano Rajoy, 24 horas depois da sentença no chamado Caso Gürtel.
Quinta-feira, a Justiça espanhola aplicou penas elevadas a uma série de políticos e empresários envolvidos num esquema de corrupção que serviu também para a financiar o Partido Popular (centro-direita, no poder).
O PP foi multado em 245 mil euros por ter beneficiado do esquema , que se baseava em conceder contratos públicos a empresas, em troca de pagamentos.
O registo da moção de censura do PSOE teve lugar antes de o secretário-geral, Pedro Sánchez, informar a direção nacional. Pablo Iglesias, líder do partido Podemos, tinha falado na necessidade de que fosse lançada uma moção, informando que o seu partido a apoiaria.
Iglesias disse também que o Caso Gürtel é a prova de que há "um partido delinquente" no Governo de Espanha. Com o apoio do Podemos a essa moção de censura, todos os olhos estão agora voltados para o partido Ciudadanos.
O presidente Albert Rivera, anunciou que o seu partido iria avaliar o que fazer no resto da Legislatura.
Rivera disse também que a sua relação com o Governo depois da sentença do "caso Gürtel" contra o Partido Popular (PP), que colocou o Executivo e o país em uma situação “tão grave”. "Há um antes e um depois" após a decisão do tribunal, disse Rivera. Antes de saber da notícia da entrega da moção de censura, o vice-secretário de comunicação do PP, Pablo Casado, considerou que esta moção não seguiria em frente, já que "não teria a soma de votos necessária", sem o apoio do Ciudadanos.
Rajoy negou qualquer conhecimento
Mariano Rajoy prestou declarações ao tribunal no âmbito do Caso Gürtel, em julho de 2017, quando declarou que não estava a par dos casos de corrupção quando estes tiveram lugar - a partir de 1999- e que foi ele quem decidiu, em 2004, cortar as relações entre o PP e Francisco Correa, cujas empresas forneciam serviços ao partido.
Correa, considerado o cérebro do Caso Gurtel, foi condenado a mais de 52 anos de prisão. Luís Bárcenas, antigo tesoureiro do PP, a 33 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de quatro milhões de euros.
Durante o julgamento, Francisco Correa explicou um esquema em que entregava dinheiro a funcionários públicos políticos eleitos pelo PP, para ajudarem certas empresas a ganharem contratos de direito público.
Mariano Rajoy nunca esteve envolvido diretamente no Caso Gürtel, mas os seus cargos de responsabilidade no PP têm levado os opositores a acusá-lo de ter “fechado os olhos” ao esquema.
Este e outros escândalos de corrupção que envolvem membros do PP contribuíram para que o partido perdesse em dezembro de 2015 a maioria absoluta que tinha no parlamento espanhol.