Moção de censura do PSOE debatida na quinta-feira

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De  António Oliveira e Silva  com EFE
Moção de censura do PSOE debatida na quinta-feira

É esta quinta-feira que se debate no Congresso dos Deputados a moção de censura registada pelo maior partido de oposição em Espanha, o PSOE (centro-esquerda).

O debate na câmara baixa tem como objetivo o fim do Governo do presidente Mariano Rajoy (PP, centro-direita) e a convocação de eleições legislativas antecipadas em Espanha.

Pedro Sánchez, secretário geral do PSOE, comprometeu-se a levar a cabo um processo rápido, reduzindo ao mínimo o tempo para negociar apoios com possíveis apoiantes, desde os antissistema de esquerda do Podemos (Pablo Iglesias) a nacionalistas e independentistas.

O PSOE justifica a moção com as sentenças do chamado Caso Gürtel, tido como a maior rede de corrupção intitucional desde o regresso de Espanha ao sistema democrático, com a Transição de 1976.

O pleno reúne por volta das 09:00 locais e a votação deverá ter lugar na tarde do dia seguinte. Um processo que apenas poderia ser impedido pela muito improvável demissão de Mariano Rajoy ou pela anulação da moção, o que o PSOE já disse que não tem a intenção de fazer.

As reações no seio do Partido Popular foram duras. Os conservadores criticaram os socialistas por precisar do apoio de nacionalistas bascos e catalães. A secretária geral do Partido, Maria Dolores de Cospedal, disse que o PSOE poderia vir a tornar-se num inimigo do Estado de Direito.

Espera-se agora pelo apoio ou abstenção dos liberais centristas do Ciudadanos.

O líder, Albert Rivera, disse que partido está disposto a apoiar a moção do PSOE com uma condição: que seja apresentado um candidato independente para as consequentes eleições gerais antecipadas.

O Caso Gürtel manchou, mais uma vez, a imagem dos representantes do Partido Popular, com condenações pesadas para vários dos acusados no processo.

O própio PP foi condenado a pagar uma multa de quase 250 mil euros, ao considerar o tribunal que o partido lucró com as práticas ilegais de vários dos seus membros, incluindo o antigo tesoureiro, Luís Bárcenas.

Para Mariano Rajoy, a moção não passa de uma defesa dos interesses do líder do PSOE, Pedro Sánchez, que procura "um lugar na política espanhola."

O presidente do Governo espanhol diz que o líder dos socialistas não tem a autoridade moral para apresentar uma moção de censura e que apenas tem o objetivo de ser líder de um Executivo a "qualquer preço e como tiver de ser."

Para Rajoy, nem ele nem o seu Governo perderam credibilidade perante os espanhóis depois de conhecida a sentença por corrupção do Caso Gürtel, pelo que não predente abandonar o mandato, porque beneficia o "interesse geral."

O presidente do Governo encontra-se no poder em minoria desde 2016. Conseguiu que fosse aprovado o projeto do Orçamento de Estado para 2018 esta semana na câmara baixa - Congresso dos Deputados - dos "melhores dos últimos anos," depois da dura crise económica atravessada por Espanha.

Reuters
Albert Rivera, líder dos liberais centristas do Ciudadanos, diz que se encontra disposto a apoiar a moção de censura de Pedro Sánchez, sempre e quando seja apresentado um candidato independente. O Ciudadanos deseja a realização de eleições antecipadas. De acordo com as últimas sondagens, o partido de Rivera poderia tornar-se na primeira força política nas Cortes Gerais.Reuters

Referiu ainda que a moção de censura surge quando ainda não se resolveu a questão da Catalunha, região autónoma onde o Executivo assumiu a gestão regional, ao amparo do Artigo 155 da Constituição, depois do referendo considerado ilegal pela Justiça, em 2017.