Diplomatas europeus falam num encontro que parecia não ter fim, com choques entre os vários representantes dos Estados membros.
A Cimeira Europeia desta quinta-feira, que acabou na madrugada de sexta, foi, como se esperava, dominada pelos temas relacionados com as políticas migratórias da União Europeia e sobre a necessidade de chegar a um acordo para enfrentar, em conjunto, a chamada crise dos migrantes e refugiados.
O acordo, anunciado pelo presidente do Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk, chegou por volta das 04:30 da manhã, hora de Bruxelas. Longe de resolver todas as questões, foi um progresso importante que permitiu a Itália sentir-se "menos sozinha," mas também à chanceler alemã, Angela Merkel, que volta para casa com menos pressões no seio do seu Executivo onde, à direita, se exigem decisões sobre migrantes e fronteiras.
Os diplomatas descreveram uma reunião muito tensa, carregada de bloqueios e com encontros paralelos entre vários grupos, com o objetivo de promover conversações que permitissem ultrapssar obstáculos.
O objetivo era comum: evitar a humilhação e, sobretudo, a incerteza de chegar ao fim de uma autêntica maratona negocial sem um acordo entre os Estados membros.
Um dos encontros paralelos teve lugar entre os representantes italiano, Giuseppe Conte, e a líder alemã, Angela Merkel. Sentaram-se durante 20 minutos, numa conversa que, segundo fontes diplomáticas revelaram à agência Reuters, acabou depressa, quando Conte rejeitou algumas das propostas de Merkel sobre a política migratória.
Mesmo antes do jantar, o presidente do Conselho italiano disse que recusava aprovar um texto de conclusão da cimeira sobre segurança e comércio sem que os parceiros europeus acordassem uma política comum e, sobretudo, atendessem às exigências de Roma no que diz respeito à gestão dos migrantes que fazem a travessia no Mediterrânico.
Uma decisão que forçou o presidente do Conselho Europeu e o líder da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a cancelar a conferência de imprensa que tinham agendada.
"É um ambiente tóxico. Entram na sala, entram em choque, saem da sala, voltam outra vez e começam a discutir outra vez. Isto, sem fim à vista," disse um dos diplomatas à Agência Reuters, em condições de anonimato.
Se o número de migrantes que chegou à União Europeia nos primeiros seis meses deste ano é inferior ao mesmo período do ano passado, de acordo com as Nações Unidas, a verdade é que continuam a chegar milhares ao continente de forma diária.
O clima político em vários dos Estados membros não tem ajudado a uma gestão coordenada das chegadas dos migrantes, com vários países governados por Executivos eurocéticos, críticos com a chegada de migrantes e populistas.
Países como a Polónia e a Hungria continuam a recusar receber migrantes, de forma a aliviar o peso que cai sobre os países Mediterrânicos, na linha da frente da crise, como a Grécia e Itália.