Muitas das mulheres cruzam a fronteira dos países já nos últimos dias de gestação
Os tempos não estão fáceis para os venezuelanos. Cruzam fronteira em busca de uma vida melhor e muitos deles fazem-no para dar um futuro a quem ainda nem chegou ao mundo.
A falta de cuidados médicos leva muitas mulheres grávidas a imigrar para o Brasil. Foi o caso de Angie Ramos, com apenas 19 anos, grávida, encontrou, já do outro lado da fronteira, uma forma de sobreviver. Limpa vidros aos carros que param no trânsito.
"Estava tudo muito difícil na Venezuela, para as grávidas e para quem tem filhos pequenos. Ao menos aqui trabalho a limpar vidros.", admitiu a jovem. "Tenho que dar a cara pela minha filha.", rematou, antes de continuar, pela estrada, a limpar os vidros aos automoveis que estão dispostos a parar para a ajudar.
Como Angie, há muitas mais mulheres na mesma situação, e muitas outras chegam ao Brasil já com os filhos nos braços. Na maternidade do hospital da Boa Vista, um município brasileiro, perto da fronteira com a Venezuela, todas as recém mamãs se queixam do mesmo: Na Venezuela não há condições para criar uma criança.
"Vim de lá porque não havia comida, não havia trabalho, não tinha como sustentá-la." disse uma das mães, deitada na cama ao lado da filha que tinha acabado de nascer. "Lá não conseguíamos comprar nada. Aqui conseguimos comprar com pouco muita coisa.", admitiu aos jornalistas uma outra mulher, com o filho nos braços. "É assim que uma mãe pensa.", concluiu.
Só no ano passado, na maternidade deste hospital brasileiro em Boa Vista, nasceram 566 bebés de mães venezuelanas. O número já foi ultrapassado só nos primeiros seis meses de 2018.