Três meses depois do desembarque dos 630 refugiados no porto de Valência, a Euronews foi visitar um dos jovens que fez parte da odisseia
A "odisseia" do Aquarius acabou por correr o mundo. Passaram-se três meses desde que as 626 pessoas a bordo do navio puderam pisar terra.
Depois de Itália ter recusado receber o Aquarius, a embarcação, cheia de homens, mulheres e crianças, resgatados ao longo da costa da Líbia, no mediterrâneo, acabou por ficar mais do que dez dias ao largo das costas de Itália e de Malta, à espera que algum país desse autorização para que o barco atracasse.
O impasse terminou quando Espanha decidiu deixar atracar o navio no porto de Valência, isto já depois de vários países europeus se terem disponibilizado a acolher parte dos migrantes do Aquarius.
Quem arriscou tudo para chegar à Europa, acabou por conseguir realizar o sonho, em porto espanhol.
Reward Okoh foi o último a sair do navio de ajuda humanitária. Proveniente da Líbia, foi um dos refugiados que acabou por ficar por Espanha.
Rumou até Bilbau, onde vive, três meses depois. Pediu asilo e está a aguardar a finalização do processo, o que pode demorar até três anos.
Okoh está alojado num local oferecido pelo governo espanhol e tem um subsídio mensal para que consiga sobreviver.
Nova vida, novo país, nova língua
Desde que chegou a Bilbau, Reward Okoh tem aulas de castelhano, mas as aulas ocupam apenas três horas de um dia normal.
Okoh contou à Euronews que o mais difícil da adaptação acaba por ser o "demasiado tempo livre" que tem.
"Na maioria do tempo, sentar-me sozinho ou estar em casa pode ser aborrecido, e depois começo a lembrar-me de coisas do passado.", admitiu. "Começo a lembrar-me de um amigo que morreu na prisão, lá na Líbia." disse.
Cada pessoa que desembarcou do Aquarius carrega uma história diferente, mas todos têm algo em comum: Fugiram de uma vida que não queriam.
Acabaram por concretizar o sonho de pisar terreno europeu mas para traz não ficaram os que sempre tiveram. Okoh contou à Euronews que sempre teve o sonho de ser piloto.
"Aqui há muitas oportunidades, mais do que em África. Mas ainda pode demorar muito tempo a alcançar o sonho de ser piloto.", admitiu.
A "odisseia" Aquarius deixou marcas naqueles que fizaram parte dela, e Okoh não é diferente.
"Ninguém consegue escapar a algo daquela natureza.", disse Okoh. "Foi o início de uma nova vida e, quando pensámos que toda a esperança estava perdida, abriu-se uma nova porta", admitiu com um sorriso na cara.