Historiador moçambicano rejeita motivações religiosas na base dos ataques e fala em "sublevação popular"
Noventa mortos, 67 feridos e mais de 1600 casas destruídas. É o balanço dos ataques registados no último ano na província de Cabo Delgado, no extremo nordeste de Moçambique.
Apesar dos grupos responsáveis pela violência nunca terem feito reivindicações, suspeita-se da mão do grupo militante islâmico al-Sunnah. No entanto, para Yussuf Adam os ataques não têm nada a ver com a religião, mas sim com política.
Em entrevista à Lusa, o historiador moçambicano garante que "não faz sentido falar de ‘jihadismo’", considerando ser um rótulo como outros que surgem associados "a tudo o que é populações islâmicas."
Para Yussuf Adam, aquilo que se passa na região explica-se de forma bem simples: "trata-se de uma revolta, de uma sublevação camponesa. Eu diria mesmo de uma sublevação popular, porque são pessoas da região que se sentem exploradas e discriminadas."
A série de ataques levou a polícia moçambicana a efetuar 280 detenções e esta semana, 189 pessoas começaram a ser julgadas no Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, em Pemba.