Os motivos de mais um abandono na Administração Trump não foram revelados e a questão da sucessão envolve inclusive o nome da filha do Presidente, Ivanka
O anúncio da saída de cena da embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas surpreendeu o mundo e levantou uma questão pertinente: porquê?
A resposta não surgiu dos principais intervenientes, Nikki Haley e Donald Trump, que se limitaram a alegar motivos pessoais da representante da Casa Branca na ONU.
Embora tivesse sido em tempos uma crítica de Donald Trump, Nikki Haley colocou inclusive de parte uma eventual candidatura à Casa Branca em 2020 e até prometeu apoiar a aguardada recandidatura republicana do atual presidente.
Para alguns analistas, algumas posições da líder da diplomacia americana na ONU podem ajudar a explicar a saída. É o caso do professor da Escola de Relações internacionais, da Universidade de Georgetown, Anthony Arend.
"Na minha ideia, ela era uma das vozes mais moderadas na ONU. Valorizava realmente o multilateralismo e as instituições internacionais. Tinha também uma opinião sólida sobre as sanções à Rússia e parecia estar mais alinhada à abordagem tradicional da política externa americana", justificou o professor.
A especulação em torno do sucessor ou sucessora de Nikki Haley também já começou. A filha de Donald Trump, Ivanka, será um dos nomes em cima da mesa do presidente, mas esta não seria uma escolha muito ética, como reconhece o próprio pai.
"Creio que a Ivanka seria fantástica, mas isso não significa que fosse a minha escolha porque seria acusado de nepotismo apesar de não ter a certeza de que exista alguém mais competente no mundo", afirmou Donald Trump nos jardins da Casa Branca.
Ivanka Trump reagiu entretanto à especulkação envolvendo o seu nome na sucessão de Nikki Haley e garantiu estar fora da corrida. "Sei que o Presidente irá nomear um substituto formidável para a embaixadora Haley. Esse substituto não serei eu", escreveu a filha de Trump nas redes sociais.
Outra mulher apontada ao lugar de Nikki Haley é Dina Powell. A antiga consultora adjunta de segurança nacional de Donald Trump está atualmente ligada à Goldman Sachs e faz parte da pequena lista de cinco nomes que estarão a ser considerados pelo presidente para a principal cadeira norte-americana nas Nações Unidas.
Seja como for, Nikki Haley vai permanecer no lugar até final do ano e isso dá tempo à Casa Branca para preparar a sucessão de mais um membro a abandonar a Administração Trump. Neste caso, o alto representante da diplomacia americana na ONU.
O presidente norte-americano revelou já saber "há seis meses" da saída de Nikki Haley, elogiou o "incrível trabalho" feito pela ainda embaixadora na ONU, "uma pessoa fantástica", sublinhou, e desejou voltar no futuro a tê-la noutras funções na respetiva Administração.