Mulheres desafiam estereótipos na corrida para as legislativas afegãs

Avessas aos estereótipos locais, ao clima de medo e de violência, centenas de mulheres participam na corrida eleitoral para as eleições legislativas deste sábado no Afeganistão.
Mãe de oito filhos, Zarghona Baloch é uma das 417 candidatas. A formação em Economia e o trabalho desempenhado no Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos tornaram-na numa referência até para vários homens, na província de Kandahar, que destacam o facto de não estar associada à corrupção.
"Kandahar é uma sociedade conservadora. Tradicionalmente, as mulheres desempenharam um papel muito fraco na vida política. Agora posso perceber que as pessoas estão a mudar e pensam de outra forma. Darei o meu melhor para representar as pessoas. Os homens que estão comigo hoje querem que seja a voz deles e que lhes faça o bem", sublinha Zarghona Baloch.
Já Maryam Sama deixou o trabalho de apresentadora de televisão para se transformar numa porta-voz das mulheres que frequentemente não são levadas a sério.
"Se vencer, vou criar um comité jurídico especial que possa acompanhar os casos legais específicos das mulheres. Quando olhamos para a situação da mulher no Afeganistão percebemos que precisamos realmente de nos concentrar em promover os direitos dessas mulheres", explica Maryam.
A campanha está repleta de riscos, para mulheres e para homens, não importa o género.
Vários candidatos, incluindo uma mulher, morreram em ataques distintos. Esta quarta-feira, um candidato não sobreviveu à explosão de uma bomba colocada debaixo de uma cadeira no escritório. O ataque foi reivindicado pelos talibãs.