A euronews entrevistou a Comissária Europeia para a Economia e Sociedade Digitais, Mariya Gabriel.
O Festival de cinema Lumière, em Lyon, dedicado aos filmes históricos, celebra este ano a décima edição. Vedetas da sétima arte do mundo inteiro estiveram na cidade francesa onde nasceu o cinematógrafo dos irmãos Lumière em 1895.
Em poucas décadas, o cinema tornou-se uma indústria poderosa dominada por Hollywood onde os aspetos financeiros e mercantis assumiram um papel preponderante. Hoje, a sétima arte enfrenta novos desafios com o surgimento das plataformas de distribuição na Internet.
Por ocasião do festival Lumière em Lyon, a euronews entrevistou a Comissária Europeia para a Economia e Sociedade Digitais, Mariya Gabriel.
euronews: "O Festival Lumière celebra os filmes clássicos mas temos a impressão de que o cinema europeu se eclipsou da cena mundial".
Mariya Gabriel: "Mas não é verdade. Os nossos números mostram que nos últimos dois anos, houve um aumento de 45% das longas-metragens, que os nossos filmes têm sucesso, que chegam a cada vez mais pessoas. O que mostra que o atual contexto de grande transformação dos gostos e da forma como as obras são distribuidas, acarreta muitas mudanças no mundo digital".
euronews: "Está aqui para lançar um repertório dos filmes europeus que está a dar que falar. Porquê?"
Mariya Gabriel: "Esta iniciativa dará aos nossos produtores de filmes a possibilidade de serem conhecidos na Europa, o que é um desafio. Devemos garantir que os filmes europeus circulem na Europa em vez de termos filmes europeus que só são vistos em três ou quatro estados-membros".
euronews: "Para si, o cinema não é apenas uma questão comercial mas de valores partilhados. Que papel pode ter o cinema numa Europa que parece cada vez mais dividida?"
Mariya Gabriel: "Hoje, graças ao cinema podemos ter acesso a recursos para incentivar os valores que apreciamos, a diversidade, a cultura, o conhecimento do outro para poder apreciar o seu trabalho, o trabalho dos autores. São valores que fazem de nós europeus".
euronews: "Defende arduamente a igualdade homem-mulher mas no festival Lumière apenas dois dos dez prémios foram atribuídos a mulheres".
Mariya Gabriel: "Podemos dizer que houve uma alternância. Em 2016, o prémio foi dado a uma mulher, em 2017 a um homem e em 2018 a uma mulher. Espero que esta bela tendência continue. Obviamente a prioridade é a qualidade, o mérito e o percurso, mas, penso que estamos num mundo onde a mensagem é destacar os nossos incríveis talentos, que são tanto homens como mulheres".