Os refugiados de Moria: uma odisseia sem fim

Os refugiados de Moria: uma odisseia sem fim
De  Apostolos Staikos
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Em setembro passado, o número de refugiados atingiu os 9.000. As pessoas tinham que esperar cerca de três horas em fila por comida, por cada refeição.

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Moria, ilha de Lesbos. Por mais um ano, por mais um inverno, milhares de refugiados continuam a viver, ou a sobreviver, na miséria.

Alguns, os sortudos, encontraram um lugar no campo de refugiados desta ilha grega, que tem capacidade para acomodar no máximo 3.500 migrantes.

Mas aqueles que vivem ao redor do campo de refugiados, permanecem expostos ao frio intenso e à chuva. Por isso tentam fazer o que podem para sobreviver e para proteger os seus familiares.

"Estamos a tentar construír uma pequena casa de madeira. Deram-nos uma tenda pequena, mas nós não cabemos. Somos uma família de sete pessoas. Diga-me, por favor, quem pode viver num terreno cheio de poças e pedras? É inverno e eu não tenho roupas adequadas. Eu só tenho esta camisola," disse Muhammad Jaffary, um jovem de 26 anos do Afeganistão.

Em setembro passado, o número de refugiados atingiu os 9.000. A situação era insuportável. As pessoas tinham que esperar cerca de três horas em fila por comida, por cada refeição. Agora, muitas famílias tentam cozinhar e fazer pão fora do campo de refugiados.

Shahla Nori, outra migrante do Afeganistão, comentou: "Tenho 36 anos e tenho 8 filhos. Este é o único casaco que tenho para passar o inverno. Últimamente tem chovido muito. A água entra na nossa tenda e fica muito frio. O campo de Moria não é um lugar para famílias. Nós não queremos ficar aqui, queremos ír embora, para Atenas."

Actualmente, continuam a viver em Moria cerca de 5.000 migrantes. No entanto, muitos sentem-se presos na ilha de Lesbos.

De acordo com o Ministério da Migração, cerca de 70.000 migrantes vivem atualmente na Grécia, dos quais 11.900 vivem nas ilhas do mar Egeu e 3.500 são menores desacompanhados.

A Amnistia Internacional acusa o governo grego e a União Europeia de terem grandes responsabilidades pela atual situação de impasse.

Gabriel Sakellaridis, líder da Amnistia Internacional da Grécia, afirmou: "através do acordo e declaração conjunta assinada entre a União Europeia e a Turquia, a União Europeia está realmente a tentar livrar-se da responsabilidade com dinheiro, ou seja, está a financiar países terceiros, como a Turquia ou a Líbia, a sul da Europa, a fim de manter os refugiados e os migrantes longe do seu jardim."

Os voluntários no campo tentam entreter as crianças, mas a situação em Moria não vai melhorar sem a transferência para o continente de um número significativo de refugiados.

Guantánamo, a vergonha da Europa, o pior campo de refugiados da Europa. Estes são apenas alguns dos nomes dados nos últimos anos ao campo de Moria pelos refugiados, pelas organizações não governamentais e pelos média.

No entanto, as autoridades gregas defendem que a situação no campo se deve ao aumento inesperado do número de migrantes provenientes da Turquia.

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