Turquia, Rússia e Irão coordenam ofensivas militares na Síria

Turquia, Rússia e Irão coordenam ofensivas militares na Síria
Direitos de autor Reuters
De  Francisco Marques com Anadolu, Tass
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Altos representantes dos governos de Ancara e Moscovo reúniram-se na capital russa para afinar estratégias após retirada militar dos Estados Unidos e do agravar da tensão a leste de Alepo

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A Turquia e a Rússia partilham o mesmo objetivo de varrer da Síria todos os grupos que ambos os governos consideram terroristas e que no caso de Ancara inclui as milícias curdas até aqui apoiadas pelos Estados Unidos na luta contra o grupo autoproclamado Estado Islâmico ("daesh").

A sintonia foi revelada já este sábado após um encontro em Moscovo, na Rússia, entre os respetivos ministros dos Negócios Estrangeiros e os da Defesa.

"Chegámos a um entendimento sobre a forma como os destacamentos militares da Rússia e da Turquia vão continuar a coordenar os respetivos passos no terreno, sob novas condições, com o objetivo de finalmente erradicar as ameaças terroristas da Síria", afirmou Sergei Lavrov, o chefe da diplomacia russa, numa declaração aos jornalistas, ao lado do homólogo turco Mevlut Cavusoglu.

O porta-voz do governo de Ancara acrescentou ainda que o acordo inclui o Irão, outro dos aliados do Presidente sírio Bashar al-Assad.

"Enquanto participantes no processo de Astana, estamos comprometidos com a integridade e a união territorial da Síria e prontos para impedir quaisquer ações que possam revelar-se uma ameaça a estes princípios", acrescentou ainda Cavusoglu.

A aproximação entre Ancara, Moscovo e Teerão, e por conseguinte Damasco, acontece numa altura em que a tensão aumenta a leste de Alepo após o anúncio da retirada militar total dos Estados Unidos justificada por Donald Trump com a derrota do "daesh" na Síria.

A Turquia ameaçou, entretanto, lançar uma ofensiva militar contra as milícias curdas que ajudaram a derrotar o "daesh" e pelo caminho conquistaram o controlo de boa parte do norte da Síria.

A anunciada retirada total americana ameaça deixar as milícias curdas, nomeadamente as Unidades de Proteção Popular (YPG), à mercê da Turquia, que considera estes grupos terroristas devido ao alegado apoio ao Partidos dos Trabalhadores do Curdistão-turco (PKK), um grupo também considerado terrorista pela União Europeia.

O receio de um ataque turco levou os curdos a solicitar apoio e proteção ao presidente sírio Bashar al-Assad, e por conseguinte aos principais aliados, a Rússia e o Irão. Damasco terá respondido afirmativamente.

Ao mesmo tempo, contudo, os rebeldes do Exército Livre da Síria garantem não deixar as tropas fiéis ao regime de Assad avançar pelo território que entretanto controlam e a possibilidade de um escalar de violência no conflito civil sírio cresce a cada hora.

A agência de notícias russa TASS avança entretanto a possibilidade de "a retirada das tropas dos Estados Unidos poder vir a permitir descobrir diversos crimes militares cometidos pela aliança internacional durante a ofensiva militar na Síria na alegada luta contra o 'daesh'."

A agência sita uma fonte militar ligada à diplomacia, que mantém anónima e sem sequer ligar a qualquer um dos governos envolvidos, especificando que as suspeitas de eventuais crimes militares cometidos terem ocorrido em Raqa, um dos alvos da artilharia pesada aérea da aliança onde o "daesh" usou civis como escudos humanos.

A fonte ouvida pela TASS acusa os destacamentos militares dos Estados Unidos, França e Reino Unido de ter bombardeado indiscrimandamente bairros residenciais daquela cidade síria.

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