Líder trabalhista acusa primeira-ministra de propor uma "farsa", mas concorda com a necessidade de o Reino Unido conseguir um divórcio amigável com a União Europeia
Theresa May apelou esta segunda-feira a todas as fações representadas no Parlamento britânico a trabalharem com o governo na elaboração de um novo acordo de saída da União Europeia (UE).
A primeira-ministra espera encontrar solução nos pontos da discórdia e que motivaram a reprovação massiva (432 votos contra 202 de apoio) do primeiro acordo com Bruxelas apresentado dia 15 de janeiro à Casa dos Comuns, em Westminster.
Theresa May disse agora esperar também receber apoio parlamentar na rejeição de um segundo referendo sobre o "brexit", que alguns deputados têm reclamado, mas a chefe do Governo sublinha a prioridade de conseguir um divórcio amigável com Bruxelas.
"Existe uma vasta preocupação perante a possibilidade do Reino Unido sair da União Europeia sem um acordo e existe de ambos os lados do parlamento quem espere que o Governo risque esta possibilidade", começou por dizer a primeira-ministra, numa declaração esta segunda-feira na Casa dos Comuns.
Theresa May defende ser preciso que os membros do parlamento britânico sejam "honestos com o povo britânico sobre o que significa" evitar o divórcio sem acordo com os parceiros europeus.
"A melhor forma de evitar um 'não acordo' é esta Casa aprovar um acordo com a União Europeia. É isso que este Governo está a tentar. A outra única opção de evitar um 'brexit' sem acordo é revogar o artigo 50 e isso significa continuarmos na União Europeia", avisou.
A primeira-ministra britânica também referiu haver ainda quem defenda ser preciso "mais tempo."
"Dizem para adiarmos a concretização do artigo 50, dar mais tempo ao Parlamento para debater a forma como devemos sair e como deve ser o acordo de saída. Isto não implica evitar um 'não acordo', mas apenas o protelar do momento de decisão", explicou May, deixando no ar possibilidade de um adiamento do "brexit" para lá de 29 de março, o que a chefe de Governo não deseja nem a UE permitiria, sublinha, só para dar mais tempo ao Reino Unido.
O desejo de evitar um Brexit sem acordo foi bem acolhida pelo líder da oposição. O trabalhista Jeremy Corbyn desconfia contudo do convite dirigido pela primeira-ministra aos membros das diversas forças políticas reprersentadas na Casa dos Comuns.
Corbyn falou mesmo de uma "farsa" ao referir-se à proposta de Theresa May.