A aprovação foi polémica porque os Estados Unidos exigiram que fosse retirada da resolução a parte que defendia o acesso dos sobreviventes de abusos a “cuidados de saúde sexual e reprodutiva”
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução para o combate à violência sexual em conflitos. O texto, proposto pela Alemanha, foi aprovado com as abstenções da Rússia e da China.
A aprovação foi polémica porque os Estados Unidos exigiram que fosse retirada da resolução a parte que defendia o acesso dos sobreviventes de abusos a “cuidados de saúde sexual e reprodutiva”, com o argumento de que a expressão indicava o apoio ao aborto.
O embaixador de França na ONU criticou a decisão de Donald Trump considerando que afeta a dignidade das mulheres.
Amal Clooney esteve presente na reunião do Conselho de Segurança e defendeu a primeira versão do texto. A advogada contou com o apoio dos dois vencedores do Nobel da Paz de 2018.
Denis Mukwege sublinhou que é preciso proteger as vítimas:
“Não pode haver paz duradoura sem justiça e até que as mulheres sejam ouvidas com dignidade pelos Estados e plenamente envolvidas no processo de construção da paz e no fortalecimento das sociedades. Senhoras e senhores, em todos os lugares do mundo os sobreviventes querem falar seguindo o exemplo de Nadia Murad, que venceu comigo o Prémio Nobel da Paz. Os testemunhos são uma prova viva de que não podemos ficar indiferentes às suas queixas".
A reunião do Conselho de Segurança ficou marcada também pelas declarações do Secretário-Geral da Organização.
António Guterres pediu aos governos mais medidas para combater o drama da violência sexual nas guerras e mais apoio e assistência médica para as vítimas.