Pedrógão Grande: o que mudou na floresta. Dois anos depois da tragédia há quem avise para um barril de pólvora.
Estrada Nacional 236-1. Para a história: a estrada da morte.
É a imagem que fica na memória da tragédia ocorrida a dezassete de junho de dois mil e dezassete, em Pedrógão Grande, pelo fogo.
Morreram mais de sessenta pessoas.
Dois anos depois, assinala-se pela primeira vez o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Incêndios Florestais.
Também o Dia Mundial contra a Desertificação e a Seca.
Fala-se hoje também, no entanto, de um novo barril de pólvora a crescer.
A limpeza da floresta está atrasada.
Faltam apoios, diz Margarida Guedes, vice-presidente da câmara de Pedrógão Grande:
"Se passearmos pelas zonas mais interiores e pelos nossos aceiros vemos que há imenso pinhal caído e ninguém lá vai tira-lo. Aí é que devia haver algum tipo de intervenção, não nossa que não temos capacidade financeira para o fazer, mas os proprietários se calhar também não têm. E isso tudo é um foco de combustível, não tenho dúvidas".
Um receio também sublinhado pelo presidente da Associação de Produtores e Proprietários da Floresta de Pedrógão Grande, Jorge Fernandes:
"Se as pessoas não puderem investir nas suas propriedades, tornando-as rentáveis, vão deixá-las às espécies invasoras. Em vez de termos uma propriedade a produzir e que se consegue gerir, vamos ter uma cheia de acácias e silvas, sempre disponível para ser percorrida por incêndios."
A tutela garante ter resolvido setenta por cento dos terrenos sinalizados pela falta de limpeza.
O ministro Eduardo Cabrita garante que nunca houve tanto investimento na prevenção contra incêndios florestais.
Na agora tristemente simbólica região, os habitantes não estão convencidos e sublinham os avisos.
"É com efeito, um barril de pólvora que se está a criar aqui em Pedrógão Grande", desabafa João Viola, residente de Noderinho, Pedrógão Grande.