Carola Rackete recebe medalha de honra do parlamento catalão

Carola Rackete recebeu uma medalha de honra do parlamento catalão, em Barcelona. Ao lado de Oscar Camps, fundador da Organização Não-Governamental (ONG) Open Arms, a comandante do navio de resgate Sea-Wahtch3 foi distinguida com o ouro pelo salvamento de 42 migrantes, em junho, depois de ter desembarcado à força, na ilha de Lampedusa.
O ato desafiou as autoridades italianas e as ordens de Salvini, que mantinham os portos do país fechados e valeu a detenção da comandante. Mas, para Rackete, nessa decisão, o fim justificou os meios.
"Ainda estou sob investigação das autoridades italianas, mas estou preocupada? Honestamente, não. Porque as minhas ações foram justificadas. O que me preocupa são as injustiças deste mundo, alimentadas por um sistema económico baseado no crescimento e estruturas de poder político que remontam a tempos coloniais, afirmou a comandante durante o discurso de aceitação da medalha.
Três meses depois de ter sido detida, a comandante está determinada em voltar ao mar e aos salvamentos.
Para Rackete, "é necessário fazer alguma coisa urgentemente, porque há pessoas a perder a vida todas as semanas no mar Mediterrâneo, que encaro como a nossa fronteira comum na Europa. Portanto, acho que proteger estas pessoas é um dever dos cidadãos europeus".
Carola Rackete está acusada de ter posto em perigo as vidas dos polícias a bordo de um barco de patrulha durante a entrada ilegal no porto de Lampedusa. Mas a comandante espera ver provada a inocência em tribunal e já apresentou queixa por difamação contra Matteo Salvini, pedindo que as contas nas redes sociais do ex-ministro italiano do Interior sejam fechadas por incitarem ao ódio.
Apesar de poder enfrentar uma pena de 20 anos, Rackete diz-se mais interessada em continuar a missão que aos olhos de uma parte do mundo a tornou numa heroína e apela à União Europeia para criar uma política comum de redistribuição de migrantes pelos Estados-membros.