Climate Now: Os glaciares estão a desaparecer a olhos vistos

Climate Now: Os glaciares estão a desaparecer a olhos vistos
De  Ana SerapicosJeremy Wilks, João Monteiro, Michel Santos
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Fomos visitar o glaciar Plaine Morte, na Suíça, o qual perdeu 1,40m de altura desde outubro do ano passado

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Globalmente, o último mês foi o segundo agosto mais quente já registado, com temperaturas 1,2 graus centígrados acima da média pré-industrial. Agosto foi mais seco do que o habitual na Península Ibérica, França, Benelux, norte da Alemanha e na Polónia.

No Canadá esteve significativamente mais húmido do que o normal, enquanto que na Sibéria esteve mais seco do que a média, e essa seca contribui para os incêndios florestais que aconteceram na região.

Gráfico da "Anomalia da humidade do solo"

Incêndios na Amazónia

Uma das grandes histórias de agosto foram os incêndios na Amazónia. Mas, que impacto a longo prazo estes incêndios terão realmente sobre o clima? Fizemos esta mesma pergunta ao professor Martin Wooster, especialista na ligação entre incêndios florestais e clima.

"Quando cortamos e queimamos florestas, substituímos, basicamente, algo que armazena muito carbono por unidade de área, por algo como quintas ou áreas cultivadas que armazenam muito menos. E isso é uma liberação líquida de carbono na atmosfera na forma de CO2, e o CO2 é o principal factor de mudança climática, e é assim que esses incêndios podem afetar a mudança climática, ou pelo menos a principal maneira de causar isso.", explicou-nos martin Wooster, professor de Ciência da observação da Terra.

Glaciares, o melhor medidor natural

Os sete indicadores climáticos globais mostram-nos as tendências a longo prazo num planeta em aquecimento, com o aumento dos gases de efeito estufa e o aumento do nível do mar.

Desde o final de 1959, houve uma diminuição de glaciares em todo o mundo. Mas, então, como é que sabemos que os glaciares estão a desaparecer? Como é que isso acontece aqui na Europa?

A 3000 metros acima do nível do mar, bem acima da estação de esqui de Crans Montana, vários cientistas de Zurique realizam regularmente verificações nos equipamentos de controlo de glaciares.

Fomos visitar o glaciar Plaine Morte, um glaciar bem grande na Suíça e muito especial. É um glaciar de platô, ou seja, um glaciar de planalto. Está localizado numa banheira enorme e não tem uma extremidade tipo língua de gelo, é plano.

Nível de espessura dos glaciares

Como todos os glaciares alpinos, este também está a ficar mais pequeno. Perdeu quase 50 metros de altura nos últimos 30 anos.

Os glaciologistas usam um sistema simples e confiável para medir de que maneira o gelo está derreter.

"Medi na estaca quanto gelo perdemos neste local desde outubro passado e desde então perdemos cerca de 1.40m. A superfície do gelo estava aqui e desceu até aqui, nestes 10 ou 11 meses.", explica-nos Matthias Huss, glaciologista.

"Não parece extremo, mas, na verdade, estamos na parte superior de um glaciar. Esta região deveria estar coberta de neve agora, onde o glaciar ganha espessura, mas, em anos como este, e, na verdade, em todos os anos que tivemos na última década, o glaciar perdeu espessura nesta zona", conclui.

Em todo o lado ouve-se o som do gelo a derreter. O motivo: está demasiado calor.

Matthias Huss conta que a neve não tem diminuido e mesmo assim o glaciar vai perdendo espessura.

"Nos últimos dois invernos nevou imenso. Neste local, tínhamos mais de cinco metros de neve em abril e em maio. Na verdade, pensámos que isso seria suficiente para que o glaciar ganhasse espessura. Mas não foi o caso. As temperaturas no verão foram tão altas que tudo derreteu, e agora o gelo está a derreter e o glaciar está a perder espessura.", conclui o especialista Matthias Huss.

Mais de 500 glaciares suíços desapareceram desde 1850. A previsão é de que pelo menos dois terços de todas os glaciares alpinos desapareçam até o final do século.

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