Mulheres manifestam-se por mais segurança e dignidade em campo de refugiados

"Sofrimento sem fim" é a frase que resume o que sentem as mulheres que se manifestaram no exterior do campo de refugiados de Moria, na ilha grega de Lesbos.
No domingo, de acordo com as autoridades, uma mulher morreu em consequência de um incêndio no campo, mas há relatos de outra vítima mortal. Os refugiados exigem uma investigação completa e reclamam melhores condições de vida..
"Estamos em protesto pela nossa amiga que morreu. Queremos justiça, não queremos lamentar mais vidas inocentes. As mulheres em Moria têm medo, não podemos sair da tenda depois de escurecer. Não podemos ir à casa de banho," afirma uma refugiada afegã.
"As mulheres gritam por segurança e dignidade. Sabemos que no domingo, por causa do incêndio, mais pessoas morreram, não foi apenas uma mulher. As autoridades estão a mentir," revela outra refugiada afegã.
Segurança e dignidade escasseiam. O campo de Moria está coberto de lixo e o fluxo de refugiados não está a diminuir.
Um jovem afegão e a esposa sabem que provavelmente vão passar alguns meses neste neste campo, são recém-chegados. O jovem casal do Afeganistão não tem nada além de uma tenda.
"Cheguei na sexta-feira passada com minha esposa. Agora estamos no campo de Moria. Esperávamos um lugar melhor. Durante estes dias, ninguém prestou atenção a nós. A minha esposa está gr ávida e ficou no hospital durante três noites, na ilha de Lemnos. Aqui, estamos a ser ignorados. Ninguém se importa se somos humanos ou não," explica o jovem.
O governador da região do Egeu, no norte da Grécia, Kostas Moutzouris, acredita que a situação no campo pode ter implicações mais amplas.
"A situação parece um barril de pólvora e pode explodir a qualquer momento. Temo pela segurança do nosso povo, dos habitantes de Lesbos. Para que a situação mude, muitos refugiados precisam de ser transferidos para o continen te e as novas-chegadas da Turquia devem ser impedidas. Se não, estamos condenados," declarou Kostas Moutzouri.
Moutzouris acredita que a Turquia não tem vontade política para resolver o problema.
"Nos últimos dois meses, cerca de 17.000 pessoas chegaram às ilhas gregas. Este é o número mais alto em três anos desde que a União Europeia e a Turquia implementaram um acordo para interromper a rota de migrantes do Egeu," esclarece, desde Lesbos, o jornalista da Euronews, Apostolos Staikos.