O presidente João Lourenço fez uma radiografia das realizações do governo no discurso da nação desta terça-feira. Oposição criticou inação do executivo. Duas dezenas de ativistas desencadearam um protesto nas proximidades do parlamento.
Foi um presidente consciente do muito trabalho que ainda tem pela frente que se dirigiu ao parlamento angolano na abertura da sessão legislativa. João Lourenço sublinhou esta terça-feira as realizações já alcançadas pelo governo que dirige, em particular no domínio do emprego e das contas públicas, com um saldo orçamental positivo, e que se mantém focado na missão de reanimar a economia e trabalhar para a sua diversificação, apostando na retoma do crescimento já a partir do próximo ano e na reduçãoda inflação para um digito até ao final da legislatura.
"Cumpriram-se no passado mês de Setembro dois anos do mandato que me foi conferido nas urnas, e embora tenha empenhado o melhor dos meus esforços na aplicação do programa de governação que mereceu a confiança da maioria dos eleitores, estou consciente de que muito ainda há por realizar para satisfação das grandes necessidades que o povo enfrenta" - reconheceu o presidente angolano no início do seu discurso. "Entre 2018 e o terceiro trimestre de 2019, foram criados 161.997 novos empregos, cerca de 1/3 dos 500 mil de um mandato de 5 anos, dos quais 80,3% se referem a empregos criados no sector empresarial quer público como privado, e 19,7% no sector político administrativo, isto é, na função pública. Mesmo assim, a luta pela redução da taxa de desemprego através da criação de novos postos de trabalho deve ser permanente, uma constante da acção do Executivo e seus parceiros, no caso o sector empresarial privado."
A oposição apontou ao presidente a ausência de uma visão estratégica e de não ter abordado a reforma do Estado, além de reclamar pelo que designa de "medidas diretas", como afirmou a presidente interina do grupo parlamentar da UNITA, Albertina Felisberta, ao microfone da euronews: "Pelo que se vê a vida dos cidadãos continua a carecer de medidas diretas, claras, reais, que façam com que o nível de insatisfação e que tem criado alguns tumultos não continue.
O desemprego e o descontentamento motivaram um protesto de duas dezenas de ativistas nas proximidades do parlamento. Os elementos da organização Movimento Revolucionário acabaram por se envolver em escaramuças com agentes da polícia. A concentração não cumpria os requisitos legais, alguns ativistas foram detidos pelas autoridades.