Boris Johnson suspende plano para o Brexit

Primeiro-ministro britânico sofre pesado revés logo após um pequeno triunfo
Primeiro-ministro britânico sofre pesado revés logo após um pequeno triunfo Direitos de autor ©UK Parliament/Jessica Taylor/via REUTERS
De  Francisco MarquesTeresa Bizarro
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Depois de terem dado o primeiro voto favorável de sempre num acordo de saída da União Europeia, os "comuns" reforçaram a decisão de terem mais tempo para analisar a proposta de lei para o Brexit. Boris Johnson suspendeu o plano até falar com os líderes europeus

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O Parlamento britânico chumbou o calendário de dois dias para debater e votar o acordo do Brexit proposto pelo governo para ter a saída da União Europeia aprovada até ao prazo previsto de 31 de outubro.

O primeiro ministro Boris Johnson sublinhou o primeiro voto favorável a um acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, ocorrido momentos antes numa fase preliminar do processo, mas lamentou a confirmação da Câmara dos Comuns do adiamento do Brexit.

"Agora enfrentamos mais incerteza e a União Europeia tem de decidir sobre como responder ao pedido do parlamento para um adiamento. A primeira consequência é que o governo tem de escolher o único caminho responsável e acelerar as preparações para uma saída sem acordo. Segundo passo: falarei com os estados membros da União Europeia para saber o que vão fazer até alcançarem uma decisão. Até alcançarem uma decisão vamos suspender esta legislação," disse Boris Johnson.

Na resposta, Jeremy Corbyn, o líder Trabalhista, convidou o primeiro-ministro a juntar-se à oposição e elaborar um novo calendário. "Trabalhe connosco, com todos, para encontrarmos um calendário razoável e, suspeito, esta Câmara vai votar para debater, escrutinar e, espero, emendar o detalhe desta lei. Essa seria a forma sensata de prosseguir e essa é a oferta que faço em nome da oposição esta noite," afirmou Corbyn.

A decisão do Parlamento foi tomada no sábado, na votação da chamada Lei Benn, e ganhou força esta terça-feira com a rejeitação, por 14 votos (308 - 322), da a "moção de programa" do executivo para estabelecer o calendário tido como necessário para aprovar nas várias etapas do processo a proposta de lei do acordo de saída alcançado na semana passada em Bruxelas.

Quem foram os rebeldes?

A lista de quem votou a favor do programa de calendário do governo revela ter havido apenas cinco deputados rebeldes entre os trabalhistas, que se alinharam ao lado de 285 conservadores e 18 independentes no apoio à moção.

Por outro lado, houve 233 trabalhistas, 35 deputados do Partido Nacionalista da Escócia, 19 Liberais Democratas, 10 do Partido Unionista Democrático (Irlanda do Norte), quatro do Plaid Cymru (País de Gales), a deputada dos Verdes, cinco do Grupo Independente para a Mudança e 15 independentes que votaram contra a moção.

Nenhum membro atual da bancada conservadora furou a disciplina de voto de Boris Johnson, mas nove dos 15 independentes que votaram contra foram expulsos recentemente da bancada conservadora por se oporem à disciplina do governo.

Depois de ter ameaçado no arranque dos trabalhos com eleições antecipadas caso o calendário não fosse aprovado, após a decisiva votação Boris Johnson passou ao lado da ameaça, limitando-se a passar a bola para a União Europeia, à espera da decisão dos líderes dos "27" sobre o pedido de adiamento enviado no sábado para Bruxelas numa controversa carta não assinada.

O líder da oposição, Jeremy Corbyn, saúdou o Parlamento por recusar debater de forma tão rápida uma decisão tão importanter para o futuro do Reino Unido e reiterou ao primeiro-ministro Boris Johnson a abertura do Partido Trabalhista para um trabalho em equipa na elaboração de um novo calendário para debater o acordo do Brexit negociado com Bruxelas.

União Europeia reage

O presidente do Conselho Europeu anunciou que vai recomendar aos 27 um adiamento da data de saída do Reino Unido. Donald Tusk propõe que o procedimento seja posto no papel.

Mas nem todos os países parecem estar disponíveis para os argumentos britânicos. A Secretária de Estado francesa dos Assuntos Europeus questiona o pedido de adiamento. Diz Amelie Montchalin numa nota enviada ao Senado e citada pela agência Reuters que"não é o tempo, mas uma decisão política que pode desbloquear este processo".

Confrontado pelos jornalistas em Bruxelas, o negociador-chefe dos "27" para o Brexit, o francês Michel Barnier, declinou comentar as votações desta terça-feira em Londres.

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