Taranto unida contra emissões tóxicas

Os habitantes de Taranto desistiram de esperar por respostas e organizaram um protesto para exigir o encerramento da maior siderurgia da Europa.
A cidade italiana está cada vez mais poluída e as doenças relacionadas com as emissões tóxicas já provocaram a morte a milhares de pessoas
Em Janeiro, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou a Itália por não proteger os cidadãos.
A área de Tamburi fica a poucos metros da fábrica de aço e ferro. Aqui, o cancro entre as crianças é 50% mais comum do que em qualquer outra parte da região.
Stefania Corisi teme pelo futuro das duas filhas.
“Quando as crianças brincam nas ruas de Tamburi, tocam em coisas que não deviam tocar. Sinto-me responsável pelas minhas filhas porque fui eu que escolhi viver neste bairro".
Crescer nesta terra de ninguém é uma experiência única.
Grazia Parisi é pediatra há mais de 15 anos. Diz que as crianças compreendem que o futuro não é certo e que estão em perigo
“Perguntam-me: eu vou viver menos do que as crianças que não vivem em Taranto? Conheço famílias que foram dizimadas. Crianças que veem morrer a tia, a avó e o avô novos, mãe, pai, irmãos.”
Os residentes vivem sob uma espécie de toque de recolher, especialmente durante os chamados "dias de vento", quando o risco de emissões da fábrica é maior.
Nestas condições, as autoridades pedem aos residentes para ficarem dentro de casa e fecharem as janelas.
Lucia Zito vive em frente à fábrica há 52 anos. Os dois irmãos, que trabalham na siderurgia, têm cancro. Tudo o que Lucia tem feito estes anos é limpar a casa para remover o pó tóxico.
“Dizem-nos para mantermos as portas e janelas fechadas - nunca o fiz. Sempre as mantive abertas. É impossível viver fechado na nossa própria casa. O pó está por todo o lado. Nunca parei de trabalhar para manter a casa limpa. As minhas unhas estão estragadas, estão doentes".
Não é apenas o futuro de cerca de 8 mil postos de trabalho que está em jogo, é também a vida dos habitantes da região de Tamburi.