A "grande família" dos "coletes amarelos" fez um ano

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A Euronews acompanhou os preparativos de uma das concentrações de manifestantes do movimento de protesto iniciado a 17 de novembro de 2018 em França

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A Euronews acompanhou este sábado de manhã os preparativos do primeiro aniversário do movimento dos "coletes amarelos" em Givors, a sul de Lyon, no centro de França.

Acompanhámos o jovem estudante Warren Dallet, de 24 anos, numa ronda pelos diversos ajuntamentos de manifestantes que continuam a protestar contra o aumento de impostos e a perda de poder de compra em França.

A força do movimento tem vindo a decair, mas Warren estava otimista no arranque deste protesto especial: "Vamos ter, claro, mais gente na rua do que nas últimas semanas. A cada cruzamento iremos ter cada vez mais pessoas a juntarem-se."

A acompanhar Warren, nesta ronda, está também a mãe. Sophie faz parte do movimento desde o início.

Ela acompanhou a subida de tom de uns protestos que começaram por se assumir pacíficos e focados apenas em alguns bloqueios de estradas, mas que viriam a incluir logo nas primeiras semanas também atos de vandalismo. Sobretudo em Paris.

O Governo foi fortemente pressionado pelos gritos de revolta contra a alegada injustiça fiscal e social. O Presidente Emmanuel Macron chegou a anunciar algumas medidas para satisfazer o movimento, mas sem conseguir desfazer o protesto.

Um ano depois, há menos coletes amarelos em protesto nas ruas. Os que continuam, insistem no recuo do executivo e ainda na demissão de Macron.

"Em primeiro lugar, queremos o RIC, um referendo de iniciativa dos cidadãos porque quem elegemos para nos representar, por cinco anos, faz o que lhe apetece. Em segundo, pedimos justiça social", explicou uma ativista dos "coletes amarelos" à nossa reportagem.

O movimento é essencialmente de protesto, mas há também uma camaradagem e um convívio estabelecidos desde o início nestes ajuntamentos cívicos.

"Nunca nos tínhamos visto antes dos 'coletes amarelos'. Veja só a solidariedade", afirma a mesma manifestante, antes de dar um beijo na face de uma outra ativista que nos diz tratar-se de "uma grande família, os 'coletes amarelos'".

Uma grande família, mas que tem sido abandonada por alguns membros. Entre os que ficaram, continuam Warren e a mãe, com quem continuamos na ronda.

Neste último ano, Sophie caiu ainda mais na precariedade. Antiga funcionária pública, foi forçada a voltar a viver com os pais. Agora com um filho estudante.

"Estou bem abaixo do limiar de pobreza (nr.: em França, em 2014, o limiar de pobreza rondava os €900 de rendimento mensal). Ganho €291. Uma vez, às compras, vi pessoas com cerca de €300 de produtos no carrinho. É o que ganho num mês. Sabe o que fiz? Fui para um canto e chorei, sozinha e em silêncio. Tenho vergonha de ter trabalhado para o Estado e receber menos de €300 por mês", disse-nos Sophie.

Nestes ajuntamentos de "coletes amarelos", há diversas pessoas em dificuldade. Indivíduos mais ou menos homogéneos que, por si só, podem apenas minimizar o isolamento.

Ao longo do tempo, estes grupos tem-se dispersado. O que pode explicar a dificuldade do movimento em aguentar-se na luta por melhores condições de vida das classes média e baixa.

"Apesar da intervenção regular da polícia e de algum cansaço, o movimento dos 'coletes amarelos' quis mostrar este fim de semana ainda ter algo para dizer, mas está numa encruzilhada, a politização falhou e precisa de orientação, sobretudo se daqui a um ano ainda pretender celebrar o segundo aniversário", conclui Guillaume Petit, o jornalista da Euronews, que este sábado acompanhou Warren e Sophie nos preparativos do protestos do primeiro aniversário dos "coletes amarelos".

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