Hungria tem dos números mais elevados de violência contra as mulheres

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De  Euronews
Hungria tem dos números mais elevados de violência contra as mulheres
Direitos de autor  REUTERS/Antony Njuguna (KENYA)

Na Hungria, em oito meses, 27 mulheres morreram vítimas de violência por parte de companheiros ou ex-companheiros.

Na rua, crescem os protestos para a alteração das leis, num país onde uma em cada cinco mulheres numa relação sofre de abuso físico ao pscicológico por parte do parceiro ou ex-parceiro.

As organizações competentes dizem que a mudança tem de vir de cima.

Judit Wirth, diretora da Organização Não Governamental "Mulheres por Mulheres contra a Violência", acredita que "se as leis forem aplicadas de uma forma mais eficaz" por parte das autoridades competentes, a situação "melhoraria bastante".

Erika Renner, um simbolo contra a violência na Hungria

Tornou-se um dos casos mais mediáticos de violência doméstica. Erika Renner foi atacada, sedada e mutilada pelo ex-companheiro.

O processo durou seis anos. Num julgamento repetido, o tribunal de segunda instância chegou a considerar Krisztián B, o agressor, culpado por violação da liberdade pessoal e sentenciou-o a nove anos de prisão. Na terceira instância, o Tribunal condenou-o a 11 anos de prisão.

Erika Renner

Num outro julgamento, acabou por ser condenado a 11 anos de prisão no ano passado, depois de já ter cumprido cinco anos. Erika diz que o julgamento durou tanto tempo porque não desistiu da justiça, ao contrário do que sentiu: Que a justiça tinha desistido dela.

"Eles trataram-me como se eu fosse um objeto no meu próprio processo, eu só tinha deveres, uma obrigação de testemunhar, dizer a verdade e enquanto isso, o sistema jurídico não estava nem um pouco interessado em mim enquanto ser humano", contou Erica à Euronews.

Sobreviveu para contar a história e lutar por leis mais claras. Tal como Judit Wirth, diretora da ONG "Mulheres por Mulheres contra a Violência", que acredita que a culpa não está só nos profissionais da justiça mas sim na formação dos mesmos. 

Judit Wirth diz que as pessoas que trabalham na área "não recebem formação" e que tal condição "se percebe no dia-a-dia".