A lei, adotada por maioria, prevê a nacionalização de bens que as igrejas não conseguirem provar que a propriedade é anterior a 1918, altura em que o país perdeu a independência e foi integrado no reino dos sérvios, croatas e eslovenos.
O Parlamento de Montenegro aprovou, esta sexta-feira, uma lei polémica sobre os direitos religiosos. A sessão plenária foi interrompida por tumultos que levaram à detenção de 22 pessoas, onde se incluem os 17 deputados da oposição pró-sérvia.
Os parlamentares terão atirado uma lata de gás lacrimogéneo para o hemiciclo e destruíram alguns microfones, tentando com isso impedir a votação.
A lei, adotada por maioria, prevê a nacionalização de bens que as igrejas não conseguirem provar que a propriedade é anterior a 1918, altura em que o país perdeu a independência e foi integrado no reino dos sérvios, croatas e eslovenos.
O primeiro-ministro, Dusko Markovic, condenou os tumultos no Parlamento e disse estar confiante que a lei será bem recebida pelos cidadãos.
"Condeno estas ações, que são impróprias e irresponsáveis para com os outros legisladores e irresponsáveis para com os cidadãos de Montenegro, mas acredito que esta será uma boa experiência para todos e que algo como isto nunca mais acontecerá".
À porta do edifício do Parlamento, em Podgorica, centenas de pessoas manifestaram-se em protesto contra a nova legislação. As manifestações foram incentivadas pela Igreja Ortodoxa Sérvia, a principal instituição religiosa no país, que possui centenas de propriedades, entre conventos, mosteiros e terrenos.
"Reiteramos que não queremos que a lei seja abolida, mas promulgada de acordo com a Comissão de Veneza, através do diálogo com a Igreja e outras comunidades religiosas. Até agora, não tivemos verdadeiramente esse diálogo", afirmou o bispo Amfilohije Radovic, líder da Igreja Ortodoxa Sérvia em Montenegro.
A Igreja Ortodoxa Sérvia afirma que a lei "promove o ódio", é "discriminatória e inconstitucional". Os líderes religiosos do país prometem continuar com os protestos.