Ano novo, grandes desafios. A União Europeia enfrenta uma década de provas de fogo para mostrar se está à altura do que os tempos lhe exigem.
Ano novo, vida nova. Mas, no caso da União Europeia, com a casa ainda por arrumar.
Os desafios para a década que se avizinha são muitos, mas os Estados-Membros não se livraram de entrar em 2020 ainda na ressaca do Brexit.
A ideia de um Brexit catapultou recentemente Boris Johnson para a liderança do Reino Unido e o Reino Unido para a saída da União Europeia. O Brexit tem finalmente data marcada para este ano. A partir de 31 de janeiro, uma nova amizade começa, com fronteiras por definir e acordos comerciais por estabelecer.
Entre China, Rússia e Estados Unidos, a Europa luta por um lugar económica e politicamente relevante, pelo menos de acordo com os desejos para o futuro de uma das figuras políticas mais proeminentes do passado recente.
"A Europa deve fazer com que a sua voz seja mais ouvida". afirmou Angela Merkel, durante a mensagem de Ano Novo. E se a Europa quiser ouvir a chanceler alemã, tem ainda muito por onde acertar o tom.
Nos últimos tempos, desafinou em questões tão básicas como as liberdades e separação de poderes em alguns dos Estados de direito, como a Polónia e a Hungria. Até ao momento, os membros têm sido incapazes de falar em uníssono.
Para a nova década fica também por estabelecer uma política migratória comum. A solidariedade não chegou aos países que acolheram os migrantes vindos do Mediterrâneo e nos campos de acolhimento, continuam a viver milhares de pessoas, para quem o "modo de vida europeu" da Comissão Europeia permanece um sonho tão longínquo quanto Bruxelas.
Divergências na segurança, mas também na economia. A União Europeia mostrou-se igualmente desunida na aprovação do próprio orçamento de 2021 a 2027 . Quem dá mais, quer dar menos. Quem, como Portugal, depende dos fundos de coesão, está disponível para contribuir com mais. Perante a falta de consenso, cabe agora ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ter reuniões bilaterais com todos os Estados-membros para se passar à negociação final do quadro financeiro dos próximos anos.
Mas com mais, ou menos solidariedade, os - entretanto - 27 afirmam estar apostados em olhar para a frente e definir novas estratégias de crescimento.
- Adeus combustíveis fósseis, olá energias limpas!
O futuro na União Europeia - dizem - quer-se verde.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse recentemente que "o Pacto Verde Europeu é a nova estratégia de crescimento" da União Europeia.
Mas este é um crescimento que levará o seu tempo, mais concretamente até 2050, ano em que a União gostaria de atingir a neutralidade carbónica e ver os gases com efeito de estufa reduzidos.
Isto, claro, se o bloco conseguir convencer - que é como quem diz ajudar financeiramente - países como a Polónia a deixar o carvão.
Os polacos não têm tanta certeza, dizem não estar preparados para o compromisso e o consenso - se chegar a existir - está adiado para junho.
Ano novo, desafios que se mantêm. A União Europeia chegou aos anos 20 e tem pela frente várias provas de fogo para mostrar se consegue ter a maturidade que os tempos lhe exigem.