Missões diplomáticas de Moscovo a Roma pela paz na Líbia

Primeiro-ministro líbio no final de uma reunião com o homólogo Giuseppe Conte
Primeiro-ministro líbio no final de uma reunião com o homólogo Giuseppe Conte Direitos de autor AP/ Gregorio Borgia
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De  Francisco Marques com AP, AFP, Ansa
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Conflito entre o governo de Al-Sarraj e o general Haftar agrava-se e aliados externos de ambos apelam a um cessar-fogo

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O primeiro-ministro da Líbia, Fayez al-Sarraj, recebeu com agrado a proposta da Rússia e da Turquia para um cessar-fogo no conflito entre o Governo de União Nacional, que lidera, e as forças do general Khalifa Haftar. Mas impõe uma condição.

No final de uma reunião, em Roma, com o primeiro-ministro italiano, Al-Sarraj advertiu que, para aceitar o cessar-fogo negociado entre os presidentes Vladimir Putin e Recep Tayyp Erdogan, é preciso ser garantida a retirada das forças de Haftar, que já conquistaram boa parte do país desde o início da ofensiva em abril.

Al-Sarraj deslocou-se à capital italiana depois de ter estado a meio da semana em Bruxelas, reunido com o presidente do Conselho Europeu.

O chefe de Governo líbio, reconhecido como tal pelas Nações Unidas, colocou em causa a deslocação a Roma depois de saber que Giuseppe Conte também se havia reunido com Haftar.

Após a reunião desta tarde, o primeiro-ministro italiano sublinhou a importância de as partes colocarem um ponto final na escalada de violência na Líbia.

"Os últimos desenvolvimentos estão a tornar o país num barril de pólvora de fortes repercussões", considerou Conte, garantindo, ao lado do homólogo líbio, não ter "agendas ocultas" e estar apenas interessado numa solução política para o conflito.

Motivo pelo qual, o italiano se desloca segunda-feira à Turquia, parte ativamente envolvida no conflito através de apoio militar às forças do governo, com quem já terá negociado a controversa criação de uma zona económica exclusiva no Mediterrâneo até à costa líbia, na qual foi integrada à revelia da Grécia a ilha de Creta.

União Europeia na Turquia

Muito atenta ao conflito, a União Europeia fez deslocar a Istambul Charles Michel. O Presidente do Conselho Europeu reuniu-se com o Presidente Recep Tayyp Erdogan para estudar formas de pacificar a região do Médio Oriente e a Líbia.

Charles Michel também recebeu com agrado a declaração conjunta de Erdogan e Vladimir Putin a propor um cessar-fogo na Líbia e a apoiar a cimeira de Paz de Berlim, sugerida pela chanceler Angela Merkel, com mediação das Nações Unidas.

Essa cimeira de Paz, prevista para a primavera se as duas partes em conflito aceitarem, foi um dos temas do encontro também este sábado, em Moscovo, entre a chanceler alemã e o presidente russo.

Putin considerou a realização da cimeira como "oportuna" e Merkel disse esperar que seja "o início de um processo mais longo" de paz na Líbia.

No entanto, a possibilidade de as duas partes aceitarem sentar-se à mesma mesa está ainda por confirmar.

Haftar rejeita cessar-fogo

Na quinta-feira, o general Haftar rejeitou a proposta de cessar-fogo proposta em conjunto por Turquia e Rússia, mantendo ativa a ofensiva que no início da semana já lhe permitiu tomar o controlo da cidade costeira de Sirte e aumentar a pressão sobre Tripoli, um avanço que levou à revelação de Erdogan de que a Turquia já estaria a destacar tropas para apoiar o Governo de Al-Sarraj.

A Líbia tem sido um dos parceiros da União Europeia na gestão da vaga de migração africana através do Mediterrâneo. O presente conflito agrava a situação no norte de África e ameaça ampliar o êxodo rumo à Europa e favorecer o aparecimento de milícias terroristas e redes de traficantes.

Para além de estar também em risco o controlo do petróleo líbio e de uma região de grande importância económica.

Haftar lançou a ofensiva com o objetivo de derrubar Al-Sarraj e unificar a Líbia sob um só governo.

O general conta com o apoio informal da Rússia, do Egito, dos Emirados Árabes Unidos e da Jordânia, tendo inclusive mercenários estrangeiros a combater no terreno com armas de países aliados que têm furado o embargo de armamento imposto pela ONU.

Confrontado com a alegada presença na Líbia de um grupo de mercenários denominado Grupo Wagner com alegada ligação ao Kremlin, Vladimir Putin desmentiu a presença naquele país de quaisquer grupos militares em representação da Rússia ou pagos pelo Kremlin.

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Al-Sarraj, por seu lado, lidera o Governo líbio reconhecido pelas Nações Unidas e conta com o apoio mais efetivo da Turquia, mas tem vindo a perder força perante o avanço das forças de Haftar.

Outras fontes • Tass e Público

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