"Inúmeros advogados, gestores e políticos portugueses ajudaram Isabel dos Santos a pilhar Angola e os angolanos", acusa o jornalista Rafael Marques
A revelação do Luanda Leaks e dos alegados esquemas fraudulentos conduzidos por Isabel dos Santos agitaram Angola e Portugal, com os ecos do escândalo em torno da mulher mais rica de África a chegarem a muitos outros países. No entanto, as autoridades dos dois países reagiram de forma contida sobre o caso divulgado este domingo pela SIC e pelo Expresso, no ambito de um projeto do Consórcio Internacional de jornalistas de investigação.
Em entrevista à euronews, a ex-eurodeputada portuguesa Ana Gomes considera que o primeiro-ministro ou o Presidente da República devem em Portugal tomar uma posição assertiva.
"Acho que é impossível que as autoridades ao mais alto nível deixem de tomar uma posição, para dar um sinal claro de vontade política. É fundamental que haja vontade política. Os responsáveis políticos em Portugal não podem mais continuar a ser cúmplices com este esquema organizado de pilhagem dos recursos de Angola", afirmou.
As ramificações da empresária angolana estendem-se a vários países. Para Ana Gomes, o impacto internacional deve levar também os estados e as instituições europeias a agirem no combate ao que diz ser "criminalidade organizada".
Já em Angola, o jornalista Rafael Marques, conhecido pelas denúncias de corrupção do regime anteriormente presidido por José Eduardo dos Santos, antecipa em declarações à RTP a abertura de processos-crime contra a empresária.
"É um tsunami para Isabel dos Santos e para a família dos Santos. Penso que o passo seguinte serao processos judiciais um pouco por todo o lado. Inúmeros advogados, gestores e políticos portugueses ajudaram Isabel dos Santos a pilhar Angola e os angolanos", frisou.
Já há instituições a anunciar o corte de relações com Isabel dos Santos e mais se podem seguir nos próximos dias, com a promessa de mais revelações do Consórcio Internacional de Jornalistas.