A euronews entrevistou a ministra das Finanças de Angola, em Davos, que falou sobre a situação do país e tudo o que está a ser feito para melhorar.
O Fórum Económico Mundial, de Davos, é o lugar certo para os países se evidenciarem e criarem parcerias. Angola não quis ficar de fora e foi à Suíça mostrar que está a mudar de paradigma e que o país está pronto para fazer mais e melhor, no sentido, também, de cativar os investidores.
À margem do encontro, a euronews falou com a ministra das Finanças angolana que explicou a importância de estar presente neste fórum:
"Estamos num caminho de reconstrução, de ganhar a confiança dos investidores nacionais e internacionais, em Angola, de mudança na maneira como fazemos negócio, como nos mostramos, como gerimos as entidades e as empresas públicas. Por isso, estar aqui é uma oportunidade para fazer ouvir a nossa voz, de falarmos sobre o que estamos a fazer, qual é a nossa visão em relação ao país e como nos propomos diversificar a economia. Porque, no modelo atual, o petróleo é o principal contribuidor, queremos mudar para um modelo onde outros setores contribuem para o nosso crescimento", adianta Vera Daves.
Reduzir a dependência do petróleo e alterar o modelo de governação. O paradigma muda e Angola foca-se em dois pontos principais:
_"Estamos a trabalhar em dois objetivos principais. Um deles é estabilizar as condições macroeconómicas, controlar a inflação, permitir que as taxas de câmbio flutuem livremente, para começar a crescer. _
Há quatro anos que temos uma taxa de crescimento negativa e precisamos de começar a crescer porque a nossa população está a aumentar e precisamos de crescer mais do que a nossa população para ir ao encontro das suas necessidades sociais.
Isto sobre a questão macroeconómica, mas do lado político queremos continuar a desempenhar um papel pacificador. Historicamente, desempenhamos esse papel: falamos com os países vizinhos, ajudamos a estabilizar a região, desempenhamos um papel importante para a paz na região dos Grandes Lagos e queremos continuar a fazê-lo, porque temos em Angola estabilidade social e politica e compreendemos que isso é a chave para garantir que o comércio, que a abertura que queremos ver entre países africanos, acontece num ambiente político de estabilidade", explica a governante.
Angola procura também "arrumar a casa". Findas, quase quatro décadas de poder de José Eduardo dos Santos o país fecha um capítulo, abre um novo, e ninguém está acima da lei, diz a ministra. Isabel dos Santos, a filha mais velha do antigo chefe de Estado, faz as manchetes e está a braços com a Justiça:
"É muito importante, quando temos uma visão, focar-nos nessa visão e persegui-la. Claro que uma das nossas prioridades é a luta contra a corrupção em todas em entidades, empresas e em relação a todas as pessoas. Todos devem respeitar a lei. Há casos mais mediáticos que outros mas temos de estar empenhados neste processo, enquanto processo global. E manter o foco para criar as condições para que a economia de Angola cresça de uma forma inclusiva", diz a ministra das Fianças angolana_._
Isabel dos Santos está no centro das polémicas mas o governo quer deixar este capítulo para a Justiça e centrar-se, como veio fazer a Davos, em mostrar Angola ao mundo e promover todas as mudanças que estão a produzir-se para cativar os investidores. Uma economia saudável é fundamental no sentido de criar melhores condições de vida aos angolanos:
_"Temos de garantir que as leis angolanas são aplicadas. E que quem trabalha em Angola, como os gestores públicos ou os investidores privados, cumprem a lei. E é o que está a acontecer. A Justiça angolana está a cumprir o seu papel garantindo que quem não respeita a lei sofre as consequências. E está a acontecer a vários níveis. É pena que só alguns casos sejam mediáticos. _
Penso que temos de respeitar o trabalho da Justiça e das instituições e ver os resultados a aparecer na nossa sociedade. Com a normalização da forma como os negócios são geridos, como os serviços públicos são garantidos e a forma como entregamos aos nossos cidadãos os bens e os serviços de que necessitam", conclui Vera Daves.