As negociações para o acordo comercial entre a UE e o Reino Unido começam na segunda-feira e o clima é de tensão. Londres fez exigências e ameaças.
As negociações sobre o futuro relacionamento comercial do Reino Unido com a União Europeia começam na segunda-feira. Londres apresentou, esta quinta-feira, as suas exigências, com a ameaça de abandonar as conversas com Bruxelas se não houver progressos dentro de quatro meses.
No parlamento britânico o tom é de uma certa arrogância:
"Respeitamos a soberania, autonomia e ordem jurídica da UE e esperamos que respeitem a nossa. Não aceitaremos nem concordaremos com quaisquer obrigações onde as nossas leis estejam alinhadas com a UE ou com as instituições da UE. Em vez disso, cada parte deverá respeitar a independência da outra e o direito de gerir as suas próprias fronteiras, a política de imigração e os impostos", afirmou Michael Gove, o ministro que Boris Johnson encarregou de acompanhar o processo negocial.
A Comissão Europeia antecipa a possibilidade de um não acordo e continua a preparar-se para isso. Confirma-se uma grande distância nas posições das duas partes. Mas a porta-voz da comissão, Dana Spinant, prefere uma abordagem cautelosa: "Seria prematuro especular sobre o resultado destas negociações, que só começam na segunda-feira, por isso não queria avançar para conclusões sobre o resultado", afirmou.
O responsável pelas negociações do lado da União Europeia, Michel Barnier, diz que a condição para um acordo de parceria entre Bruxelas e Londres é o acordo sobre a pesca que tem de estar concluído até 1 de julho. Mas a tarefa prevê-se complicada. Bruxelas quer manter as quotas de pesca divididas entre o Reino Unido e a União, mas Londres quer facultar o acesso às suas águas na base de acordos anuais, insistindo que o país quer tornar-se "um estado costeiro independente" no final de 2020.
O acesso às águas territoriais britânicas é vital para os pescadores de oito países da União Europeia, nomeadamente da França e da Dinamarca.