Novo ministro da Saúde anuncia compra de testes da Covid-19 para tentar entender a doença, diagnosticar o país e preparar o fim do distanciamento como exige o Presidente, que diz não ser "coveiro"
O novo ministro da Saúde do Brasil, Nelson Teich, anunciou um forte investimento na compra de 46,2 milhões de testes de despistagem da Covid-19 para construir a base do plano desejado pelo Presidente Jair Bolsonaro de tirar o país rapidamente da fase de confinamento.
Foi a primeira intervenção pública de Teich desde que sucedeu a Luiz Henrique Mandetta. Com o novo ministro a ter agendada para esta terça-feira uma primeira sessão de treino para aprender a apresentar-se diante de jornalistas, esta primeira declaração foi difundida através de um vídeo colocado nas redes sociais oficiais do Governo.
O antigo ministro da Saúde manteve divergências públicas com Jair Bolsonaro devido à gestão da epidemia no Brasil, como presidente a contrariar todas as recomendações sanitárias e a promover inclusive a proximidade corporal em várias aparições públicas.
O Brasil tem vindo a sofrer um agravamento diário de casos de infeção pelo novo coronavírus e de mortes associadas à pandemia, mas haverá ainda muitas vítimas por conhecer tal a dificuldade de monitorizar o maio país da América do Sul.
O novo ministro da Saúde tem um plano dividido em "três fases fundamentais" que parte da testagem de uma parte representativa da população brasileira: "Entender, diagnosticar e perceber a evolução da doença; preparar infraestruturas para o tratamento; e, com essa preparação, desenhar esse programa de saída progressiva, estruturada e planeada do distanciamento social."
O plano de Teich visa a agradar ao desejo do Presidente de relançar a economia brasileira, mas está sob pressão do próprio chefe de Governo para precipitar o anunciado progresso estruturado e planeado desse relançamento.
Jair Bolsonaro também voltou a falar esta segunda-feira à porta do Palácio da Alvorada, a residência oficial, e para expressar o desejo de um rápido fim da quarentena.
"Espero que esta seja a última semana desta quarentena e desta maneira de combater o vírus, com todo mundo em casa. A massa não tem como ficar em casa porque o frigorífico está vazio", afirmou o Presidente, numa declaração divulgada também pelos respetivos canais pessoais nas redes sociais da internet.
As declarações de Teich e Bolsonaro aconteceram num dia em que o Brasil anunciou o registo de mais 113 mortes associadas à Covid-19, num total de mais de 2.500 óbitos no âmbito desta pandemia, incluídos em mais de 40.500 casos de infeção registados no país, com uma taxa de letalidade de 6,3%.
Em apenas uma semana, o Brasil sofreu 1.043 mortes ligadas ao novo coronavírus, um aumento semanal de 68% no número de óbitos.
Aproveitando a disponibilidade do presidente para responder a algumas perguntas sobre os próximos passos do governo perante a pandemia, um jornalista questionou o presidente sobre a taxa de mortalidade no país, mas foi interrompido.
"Eu não sou coveiro, 'tá' certo?", retorquiu Bolsonaro, rejeitando assim comentar a tragédia sofrida atualmente pelo Brasil e que infelizmente deverá continuar a agravar-se nas próximas semanas.