75 anos: Veteranos recordam rendição da Alemanha nazi

Foi há 75 anos que a Alemanha nazi se rendeu e o conflito mundial mais mortífero de que há memória terminou.
As celebrações oficiais do Dia da Libertação ou Dia da Vitória da Europa, que acontecem desde então, não acontecem este ano na mesma dimensão. Mas a resistência ganhou outras formas. Em período de isolamento, partilhar memórias é isso mesmo, resistir.
Ken Hay, um veterano britânico, participou no desembarque aliado na Normandia. Recorda-se do momento em que voltou a ver o irmão, que perdeu de vista no Dia D. Ken foi capturado após a investida e levado para a Polónia. Acabou por ser resgatado, mas sempre sem notícias do irmão. Até ao dia em que o viu descer a estrada rumo à casa de família.
Mervyn Kersh, outro antigo soldado inglês, fez parte dos que libertaram o campo de concentração de Bergen-Belsen. Ia ser mobilizado para o Japão quando soube que, afinal, "já não era preciso". Mervyn conta-nos que esteve "num comboio durante 30 horas", em direção a Londres. Dormiu a maior parte do tempo. Quando chegou a Bruges, na Bélgica, viu "festa por todo o lado, porque a guerra tinha acabado no dia anterior". Provavelmente, diz, foi "a última pessoa na Europa a saber".
Na Rússia e nas antigas repúblicas soviéticas, a vitória é assinalada no dia 9 de maio. Valentina Efremova tem 96 anos de idade. Vive na cidade de Yakutsk, na Sibéria. Trabalhou como enfermeira durante a guerra. Tinha 17 anos quando as tropas nazis atacaram a União Soviética. Sublinha, sobretudo, uma passagem da experiência traumática: deparar-se com "o horror contínuo de corpos mutilados".
Os números nunca foram precisos, mas estima-se que até 85 milhões de pessoas tenham morrido neste capítulo sombrio da História.