A Câmara da capital francesa está preocupada com a falta de alternativas para a fruição do espaço público em segurança
É possível que Paris mantenha a identidade sem os cafés, as esplanadas, os museus ou os teatros? A pergunta faz sentido à luz das novas regras ditadas pelo plano de prevenção da Covid-19 em França. As margens do Sena e os canais parisienses são agora ponto de encontro e de escape.
Mesmo com a proibição de consumo de bebidas alcoólicas, as pessoas reunem-se em pequenos grupos e respeitando a distância de segurança. Há quem aponte estes ajuntamentos como irresponsáveis, mas que está na rua, discorda. "O confinamento não é igual para todos. É mais fácil se tens um jardim ou uma piscina" - diz uma parisiense no Canal de San Martin -; "Não podemos condenar os parisienses que saem após 55 dias fechados em pequenos apartamentos."
A polícia garante que os grupos não têm mais de 10 pessoas, mas, numa rua paralela, os habitantes manifestam o desconforto e dizem que a fiscalização não é suficiente. Delphine Martin, da Associação de moradores Paris X, explica que é importante a polícia intervenha, mas "se for só uma vez por dia volta tudo ao mesmo".
Paris é das cidades com maior densidade populacional do mundo. Os parques mantém-se fechados por determinação do Eliseu e a Câmara da capital francesa não esconde o descontentamento pela decisão. Diz que a reabertura dos espaços verdes é uma questão de saúde pública.
Penelope Komites, vice-presidente da Câmara de Paris e responsável pelos Espaços Verdes, não tem dúvidas: "A saúde física é importante, mas a saúde mental também o é. Abrimos mercados e lojas, mas não podemos abrir uma coisa essencial para todos, que é a natureza, sobretudo após dois meses tão difíceis".
A autarquia quer reabrir os parques e tornar obrigatório o uso de máscara na rua, como já acontece em Nice. Para já, a proteção do rosto só é imposta nos transportes públicos.