"Brincar com a morte é perverso", diz Presidente da Câmara dos deputados

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O presidente da câmara baixa do Congresso brasileiro, Rodrigo Maia, criticou hoje a divulgação de dados divergentes sobre número de mortos e infetados pela pandemia no país, distribuídos no domingo pelo Ministério da Saúde do Brasil

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O presidente da câmara baixa do Congresso brasileiro, Rodrigo Maia, criticou a divulgação de dados divergentes sobre número de mortos e infetados pela pandemia no país, distribuídos no domingo pelo Ministério da Saúde do Brasil.

“Brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira”, escreveu Maia na sua conta pessoal na plataforma Twitter.

“É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um Ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos factos”, acrescentou o político brasileiro.

O Presidente da Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) já havia manifestado o descontentamento após o Governo liderado pelo Presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, informar que iria mudar a forma de divulgação destes dados, que geraram críticas em vários segmentos da sociedade, incluindo contestações judiciais.

Maia pediu à Secretaria-Geral da Presidência, no sábado, que o Governo retorne ao formato inicial de divulgação de dados e a Comissão Externa da Câmara dos Deputados enviou uma carta oficial ao Congresso defendendo que os dados devem ser entregues ao poder legislativo, que poderia consolidá-los e divulgá-los oficialmente.

O Ministério Público brasileiro, por sua vez, concedeu ao Ministro da Saúde em exercício, General Eduardo Pazuello, um período de 72 horas para explicar e apresentar o ato administrativo que apoia a modificação.

Na madrugada de hoje, o Governo brasileiro divulgou dois dados diferentes sobre o número de mortes e de casos registados da covid-19 nas últimas 24 horas.

Numa lista dos dados enviado aos jornalistas, o Ministério da Saúde brasileiro informou que o país registou um total de 37.312 mortes provocadas pela covid-19, dado que indicou um acréscimo de 1.382 óbitos nas últimas 24 horas.

No sábado o país registou 35.930 mortes provocadas pelo vírus.

Já o site oficial do Governo traz informações diferentes sobre a pandemia e indicava, numa atualização às 21:50 (horário local do domingo), a confirmação de 525 mortes causadas pela covid-19 no país em 24 horas. Ou seja, menos 857 mortes do que na lista enviada aos jornalistas.

Deste modo, o total de mortes confirmadas no Brasil em 24 horas seria de 36.500.

No que se refere ao número de infetados, a lista para os jornalistas apontava um total de 685.427 casos confirmados da doença, dado que significou uma subida de 12.581 novos casos da doença no domingo.

No sábado, o total de casos segundo informações divulgadas pelo Ministério da Saúde brasileiro indicava um total de 672.846 casos da doença.

Porém, no site oficial do Governo brasileiro lê-se 18.912 novos casos da doença em 24 horas.

O Governo brasileiro não informa o total de casos no site, mas levando em conta os dados do sábado o país totalizaria 691.758 casos da doença, uma diferença de 6.331 em relação à lista distribuída aos jornalistas.

A divergência nos números ainda não foi explicada pelo Ministério da Saúde do Brasil.

Em comunicado distribuído no domingo, o órgão admitiu que o novo sistema de dados da pandemia precisa de melhorias e que o "objetivo é que, nos próximos dias, estejam disponíveis em uma página interativa que possa trazer os resultados desejados".

Recentemente, o país confirmou mudanças na divulgação dos dados consolidados sobre casos e mortes provocadas pela pandemia e passou a relatar apenas o número de casos e de óbitos registados nas últimas 24 horas.

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Além da suspensão da divulgação de parte dos dados consolidados, o Presidente do país, Jair Bolsonaro, também confirmou que o Governo informará os números após as 22:00, horário local, muito depois dos horários em que os números eram divulgados.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 403 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

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