Donald Trump "invade" presidenciais da Polónia e acena com militares

Donald Trump "invade" presidenciais da Polónia e acena com militares
Direitos de autor AP / Gregor Fischer
De  Francisco MarquesDarren McCaffrey
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Presidente da Polónia e ainda favorito no sufrágio de domingo, Andrezj Duda visitou a Casa Branca e pode ter ganho mais que simples apoio. Os eleitores decidem

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Trinta milhões de polacos são chamados às urnas no domingo para escolher um novo presidente e tem agora mais um argumento a pesar no sufrágio: as tropas de Donald Trump.

A poucos dias do sufrágio e com o principal rival Rafał Trzaskowski (Plataforma Cívica, centro-direita) a ganhar terreno, o chefe de Estado em exercício e ainda favorito Andrzej Duda (Lei e Justiça, Direita Conservadora) esteve esta quarta-feira nos Estados Unidos, a visitar Donald Trump.

Ambos sem usar máscara, mas mantendo algum distanciamento, trocaram sorrisos e elogios. Destacou-se o anfitrião.

O Presidente dos Estados Unidos elogiou o trabalho do homólogo polaco e admitiu estar a ponderar desviar para a Polónia os militares norte-americanos que anunciou retirar da Alemanha em protesto contra os diferentes contributos de cada país para a Aliança do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Andrezj Duda revelou ter feito esse mesmo pedido a Trump, mas numa ótica, contextualizou a agência France Press, de o líder dos Estados Unidos não retirar as tropas americanas da Europa e assim ajudar a preservar a segurança do continente.

Antes do anúncio de Trump, a importância desta visita a poucos dias das eleições presidenciais no país foi justificada à Euronews pela vice-primeira-ministra da Polónia.

"Estamos a jogar em vários campos. Os Estados Unidos são um importante aliado não só da Polónia, mas da Europa. Isto é algo que defendemos muitas vezes nos últimos quatro anos quando fui ministra adjunta e ministra. Foi algo que debati com os comissários (europeus). Devíamos voltar a sentir a comunidade dos Estados Unidos enquanto europeus", disse-nos Jadwiga Emilewicz.

O editor de política da Euronews Darren McCaffrey não foi surpreendido por esta proximidade entre americanos e polacos.

"Após anos de tensão com a União Europeia em questões como a reforma do sistema judicial ou a independência dos meios de comunicação, este executivo polaco decidiu colar-se politicamente mais a Trump do que à União Europeia. Uma estratégia que espera agradar aos eleitores da Polónia", diz o nosso especialista.

Para o professor polaco de estudos americano, Tomasz Pludowski, "a tendência para a União Europeia é recente" na Polónia.

"Há muitos eleitores, mesmo alguns conservadores , a subscrever os valores europeus, mas sem ter necessariamente de gostar da forma como a União Europeia funciona neste momento. Sentem que a Unio Europeia promove mais os ideais de esquerda, em especial nas questões de género e da comunidade LGBT", resume Pludowski.

Para a oposição polaca, Washington foi pouco mais que propaganda. Perguntámos se isto terá feito parte da campanha a Dariusz Rosati, um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros afeto ao partido Plataforma Cívica, de Rafał Trzaskowski.

"Sim, fez. O Presidente Duda espera que esta visita e a foto com Trump lhe deem mais popularidade e um impulso nas urnas. Temos de continuar a ter boas relações com a União Europeia e com os Estados Unidos. A nossa segurança baseia-se em dois pilares, a NATO e a União Europeia, e este governo tem adotado uma política muito colada a um lado, o que é muito perigoso porque tentarmos manter-nos apenas sobre uma perna não é uma posição muito estável", defendeu Dariusz Rosati.

Será preciso esperar por domingo à noite para se perceber o impacto desta visita de Duda a Trump na Polónia, um país onde a pandemia, apesar dos mais de 30 mil casos e 1.300 mortos, não travou a chamada às urnas, mas pode contaminar a participação.

O partido no Governo, o Lei e Justiça, pretende implementar um sistema de voto por correspondência para evitar os aglomerados, mas o processo não foi devidamente testado e há quem lhe aponte vários problemas de segurança e permeabilidade à manipulação do sufrágio.

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