Governo húngaro paga indemnização a antigos alunos romani

As autoridades húngaras já pagaram a primeira metade de um pacote de indemnizações no valor de 285 mil euros relacionadas com um escândalo de segregação que envolveu a comunidade Romani do país.
O caso envolve uma escola no norte da Hungria que em 2004 começou a separar alunos húngaros de alunos da comunidade Romani. No ano passado, o presidente húngaro Viktor Órban havia recusado qualquer pagamento.
No entanto, o supremo tribunal húngaro decidiu no final de julho manter a decisão tomada pelo tribunal de recurso de atribuir a indemnização aos 60 estudantes envolvidos.
Reagindo à decisão, o líder local da comunidade romani, Géza Csemer, afirma que o dinheiro será empregue na melhoria das condições de vida da população.
A decisão do tribunal levou ainda o líder da comunidade romani local a denunciar o comportamento dos húngaros que muitas vezes se recusavam a vender casas a elementos da comunidade romani.
Foi em 2004 que o antigo diretor da escola primária de Nekcsei Demeter começou a segregar os alunos romani dos alunos húngaros.
A segregação significou menos oportunidades para os alunos romani.
É o caso de Beatrix, uma antiga estudante da escola, que queria ser cabeleireira mas que acabou por tornar-se funcionária pública. Ela afirma que tal se deveu a uma educação de baixa qualidade assim como à falta de oportunidades.
"Sempre que as casas-de-banho entupiam tentávamos ir à casa-de-banho das crianças húngaras mas os professores não deixavam. Eles diziam que nós tinhamos a nossa", afirma Beatrix.
Desde então a escola foi renovada mas a segregação não acabou.
As famílias húngaras foram retirando as suas crianças do estabelecimento aos poucos deixando apenas 60 estudantes, todos eles romani.
O correspondente da euronews na Hungria, Zoltán Siposhegyi, afirma:
"Em 2018 a escola foi renovada à exceção de duas salas reservadas para crianças romani. Agora, uma organização civil romani está a angariar fundos para proceder à sua renovação".