A falta de clareza quanto ao sistema em vigor depois do final do período de transição está a ter efeitos negativos sobre o sector britânico dos transportes
O período de transição do Brexit termina no final de dezembro.
Para os importadores e exportadores, a pandemia de Covid-19 veio dificultar as negociações e todo o processo de preparação.
"Controlos alfandegários e sistemas. Vai ser um enorme desafio deixar totalmente a União Europeia no final do ano. Há imensos detalhes que ainda não foram resolvidos", afirma Natalie Chapman, uma profissional do sector que trabalha para a empresa de transportes Logistics UK.
Uma dor de cabeça não só para o sector mas também para profissionais como Dan Van Der Knaap, um condutor de veículos pesados holandês que viaja todos os dias para o Reino Unido com carregamentos de flores.
Um produto perecível que depende de deslocações rápidas.
"Estou preocupado porque não sei o que está para vir. Nada é certo, também não há nada que me preocupe a 100% porque ninguém sabe o que se vai passar", adianta dan Van der Knaap.
Para muitas empresas de logística, reponsáveis pela movimento de quantidades elevadas de produtos e bens, o ideal seria ver o período de transição prolongado.
O jornalista da euronews Luke Hanrahan adianta "há quatro anos que as empresas britânicas de logística estão preocupadas com o Brexit, a pandemia é outro factor que complica a situação para todos quantos dependem da movimentação rápida de produtos entre a Europa e o Reino Unido".
Uma situação bem patente nos escritórios de uma empresa de logísitca britânica.
Aqui já se tornou claro que os transportadores europeus mostram-se reticentes em assinarem contratos pós 31 de dezembro.
"O meu maior receio de momento são os próprios transportadores. Se eles não querem vir para o Reino Unido então temos um enorme problema. Receio igualmente que o sistema entre em colapso no final do ano, que os sistemas digitais não vão estar preparados, e as alfândegas também não devido à pandemia", conclui Jon Sparrow da Jordan Freight Logistics.
Enquanto negociadores britânicos e europeus arrastam os pés, a incerteza quanto ao futuro está a colocar em risco muitas empresas de ambos os lados do canal.