"Estado da União": Caso Navalny e corrida à vacina

"Estado da União": Caso Navalny e corrida à vacina
Direitos de autor Alexander Zemlianichenko Jr/Russian Direct Investment Fund
De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O líder da oposição russa Alexei Navalny foi envenenado com um agente neurotóxico da era soviética, segundo o governo alemão. O programa inclui, ainda, uma entrevista com Thomas Bollyky, diretor do Programa de Saúde Global no Conselho de Relações Externas, em Washington (EUA).

PUBLICIDADE

As relações já tensas entre o Ocidente e a Rússia pioraram esta semana e este é um dos temas em destaque no programa que passa em revista a atualidade da União Europeia.

O líder da oposição russa Alexei Navalny foi envenenado com um agente neurotóxico da era soviética, segundo o governo alemão. Os testes foram feitos por um laboratório militar especial e confirmaram as suspeitas dos médicos do Hospital Charité, em Berlim, onde Navalny está hospitalizado em estado grave.

A chanceler alemã, Angela Merkel, endureceu o tom em relação ao governo de Moscovo: "Navalny foi vítima de um crime com o objetivo de o silenciar".

Outro tema em destaque no programa é a corrida para obter vacinas contra a Covid-19, nem sempre no maior espírito de cooperação mundial, apesar do problema atingir todo o planeta.

Esta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a contribuição de 400 milhões de euros para a COVAX, uma iniciativa liderada pela Organização Mundial de Saúde para garantir o acesso equitativo a uma futura vacina em todo o mundo, especialmente para os países mais pobres.

Para analisar este tema em detalhe, Stefan Grober entrevistou Thomas Bollyky, diretor do Programa de Saúde Global no centro de estudos Conselho de Relações Externas, em Washington (EUA).

Stefan Grobe/euronews: Neste momento, não existe um compromisso internacional para distribuir futuras vacinas de forma coordenada e racional. Em vez disso, vemos a abordagem "o meu país primeiro". Quais seriam as consequências de tal falta de cooperação?

Thomas Bollyky/perito em Saúde Global: Podem existir três consequências. A primeira é que tratando-se de um vírus, o mesmo não conhece fronteiras. logo, se assumirmos uma abordagem nacionalista sobre a vacina , que se limita a certos países, não seremos capazes de impedir a propagação da pandemia. A segunda consequência é económica. Todos os países, mesmo aqueles que tiveram um bom desempenho no combate à pandemia, sofreram as consequências económicas, porque todas as economias estão interligadas. A terceira consequência é geopolítica. Se as nações ricas acumularem stocks de vacinas e não estiverem dispostas a partilhá-las, isso implicará que outras nações fiquem à espera, o que tornará mais difícil a cooperação noutros desafios globais no futuro.

Stefan Grobe/euronews: Considera que existe o risco de uma disfunção global prolongar a pandemia?

Thomas Bollyky/perito em Saúde Global: Com certeza! Se uma nação, por exemplo os Estados Unidos, tentar vacinar todos os seus habitantes antes partilhar a vacina com outros países, isso significa que as primeiras doses não estarão disponíveis para os profissionais de saúde e populações mais vulneráveis de outras nações.

Stefan Grobe/euronews: Ninguém sabe se a primeira vacina será a que funcionará melhor. Poderão ser precisas mais contribuições científicas a nível global para melhorar as vacinas. Isso não deveria ser um incentivo para os governos partilharem informações e juntarem os seus recursos?

Thomas Bollyky/perito em Saúde Global: É provável que haja mais do que uma vacina resultante deste processo. No momento, existem oito no estágio final dos testes clínicos. As primeiras vacinas provavelmente não serão as mais eficazes. Portanto, se os Estados Unidos ou outro país europeu tiverem acesso a uma vacina muito cedo, isso não significa que venham a ter acesso a uma vacina posterior que seja mais eficaz.

Stefan Grobe/euronews: Ainda vamos a tempo de reverter essa tendência nacionalista no desenvolvimento da vacina, visto que vacinas viáveis só deverão estar prontas no próximo ano?

Thomas Bollyky/perito em Saúde Global: Não, estamos a ficar sem tempo no que se refere às primeiras vacinas. Se os países estiverem dispostos a dedicar recursos à cooperação tal será possível. Se houver consequências negativas do facto de se restringir o acesso às primeiras vacinas, talvez haja países que passem a ser mais cooperantes para criar as vacinas posteriores. Seria menos destrutivo se pudéssemos cooperar o mais cedo possível.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Alexei Navalny sai do coma artificial

NATO discute implicações do caso Navalny

Rússia nega responsabilidade no caso Navalny