Iniciativa legislativa que Boris Johnson diz "proteger o país contra interpretações extremas do protocolo da Irlanda do Norte" viola acordo de saída do Brexit
Mesmo pelos padrões das complicadas conversações do Brexit, esta tem sido uma semana turbulenta.
A iniciativa legislativa do governo britânico que viola o acordo de retirada da União Europeia levou a que as negociações com Bruxelas sobre a relação comercial futura chegassem a um quase ponto de rutura.
A notícia surgiu na segunda-feira e na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, esteve no parlamento a defender o projeto-lei.
"O meu trabalho é defender a integridade do Reino Unido, mas também proteger o processo de paz da Irlanda do Norte e o Acordo de Sexta-Feira Santa. E para isso precisamos de uma rede de segurança legal para proteger o nosso país contra interpretações extremas ou irracionais do protocolo da Irlanda do Norte", justificou Johnson.
A bomba explodiu quando se iniciou a última ronda de negociações entre o Reino Unido e União Europeia. No meio do choque em Bruxelas, a Comissão Europeia enviou a Londres o vice-presidente, Maros Sefcovic, para discussões paralelas e de emergência.
A proposta de lei, que potencialmente terá impacto na fronteira irlandesa, também fez soar alarmes em Washington. Os Estados Unidos são um avalista do Acordo de Paz de Sexta-Feira Santa e a manobra de Boris Johnson levou a um sério aviso da Democrata Nancy Pelosi, Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA.
"Não haverá acordo bilateral Estados Unidos - Reino Unido se houver alterações em relação às fronteiras definidas no Acordo de Sexta-Feira Santa. Como é que eles podem não respeitar um acordo internacional? Como se pode confiar nisso?", perguntou Pelosi.
A proposta abriu também uma frente de batalha interna. Além da indignação dos partidos da oposição, alguns deputados conservadores ameaçam uma rebelião. A câmara alta do Parlamento britânico, a Câmara dos Lordes, pode também neutralizar a lei.