Acordo de paz cria mais instabilidade na Arménia

O acordo de paz, entre Arménia e Azerbaijão, trouxe ainda mais instablilidade ao Estado arménio.
Na segunda-feira o presidente arménio, Armen Sarkissian, numa comunicação ao país afirmava que_"é possível perder a batalha mas inadmissível perder enquanto Nação"_, enquanto acrescentava ser inevitável a demissão do primeiro-ministro e a marcação de novas eleições.
Posição defendida também pela oposição, que se manifestou em Erevan, e que pedia a Nikol Pashinyan, pelo "bem e pela dignidade do país", que abandonasse o cargo.
Para muitos o acordo de cessar-fogo, firmado pelo governo, foi a gota de água.
Varuzhan Sahakyan, residente da capital arménia e que fez parte das centenas de manifestantes que saíram às ruas na segunda-feira, mostrava-se desapontado, pior, traído:
"Eles mentiram-nos dizendo que estávamos a vencer, que tínhamos o controlo da situação. Só nos últimos dias ficou claro que havia territórios a ser doados e depois eles chegaram a Shushi e a cidade rendeu-se. Para nós, isso foi uma traição", desabafava à euronews.
Também segunda-feira o chefe do executivo arménio fez a sua primeira aparição pública desde o anúncio do cessar-fogo. A sessão extraordinária do parlamento foi transmitida no Facebook enquanto Pashinyan defendia o acordo como sendo a única opção para a Arménia.
*O regresso à paz*
Mas para alguns o importante é o fim dos combates e a possibilidade de se começar a pensar em regressar a casa.
Karina Mkrtchyan faz parte dos deslocados, partiu de Martakert para Erevan, e regressa agora à sua terra natal. Mas a sua vida não mudará muito mais já que vive perto da nova fronteira com o Azerbaijão mas em território arménio. Ainda assim, admite, a convivência poderá não ser pacífica. À jornalista da euronews, Anelise Borges, e questionada sobre a matéria, afirmou que não será fácil viver ao lado daqueles a quem chama de inimigos até porque o seu único irmão morreu a 13 de outubro e nem foram sequer ao cemitério.
*O fim ou uma trégua no conflito?*
A mais recente guerra por Nagorno-Karabakh - que terminou com um acordo de paz mediado pela Rússia e que passa pela "entrega" de uma série de territórios da Arménia ao Azerbaijão - é mais uma etapa num longo conflito sangrento e poderá não ser o último capítulo desta trágica saga já que para muitos arménios é difícil aceitar o que para eles foi um inesperado e dececionante desfecho.