Morte violenta do cidadão ucraniano a 12 de março no Centro de Detenção no aeroporto de Lisboa está a fazer tremer o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
Demitiu-se a diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal.
O pedido partiu da própria Cristina Gatões, anunciou o Ministério da Administração Interna de Portugal, sem explicar a saída da até aqui responsável do SEF e alegando estar em curso uma reestruturação do serviço, atualmente debaixo de fortes críticas pela morte do cidadão ucraniano Ihor Homenyuk, a 12 de março.
O homem foi impedido de entrar em Portugal a 10 de março, terá recusado regressar à Ucrânia em mais do que uma ocasião proposta pelo SEF e acabou agredido violentamente no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa.
A autópsia revelou a violência da morte.
Três inspetores foram constituídos arguidos em setembro, acusados de homicídio qualificado, na forma consumada, em coautoria. Outros dois inspetores terão de responder por posse de arma proibida.
A diretora do SEF admitiu em novembro à RTP ter havido "tortura" sobre o cidadão ucraniano.
Há poucas semanas, uma testemunha que terá estado detida elo SEF na mesma altura de Ihor Homenyuk revelou ao Diário de Notícias a rotina de agressões no centro de detenção do aeroporto. O ucraniano não terá sido a única vítima, garantiu.
Na Assembleia da República, depois da saída de Cristina Gatões, pedem-se agora consequências políticas deste caso.
O PSD defende que a demissão da diretora do SEF peca por tardia e entende que também o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, deve sair.
Uma exoneração defendida igualmente pelo Iniciativa Liberal.
No Bloco de Esquerda, fala-se de "uma violência atroz" que a todos "envergonha" e lamenta-se não ter havido sequer uma palavra à família da vítima.