Em entrevista à euronews, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes diz que é preciso, urgentemente, voltar ao ensino à distância.
Das medidas anunciadas esta segunda-feira por António Costa para reforçar o confinamento, havia uma que muitos esperavam que fosse tomada, mas que não se concretizou: O fecho das escolas.
Contra a argumentação do governo de que mandar os alunos para casa por uma segunda vez seria prejudicial e que as aulas presenciais não são um fator importante de transmissão do vírus está uma boa parte da comunidade científica. Entre os mais críticos está o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que defende que os jovens são quem mais está a espalhar o vírus.
"Eu não pretendo discutir onde é que os jovens se infetam - Se é nas escolas, à porta das escolas, nos transportes públicos, nos cafés nas imediações das escolas. Neste momento, isso é uma discussão académica que não me interessa. O que interessa é que isto é um reservatório enorme de infeção na comunidade. Temos de tomar medidas muito firmes para conseguir parar a ascensão desta epidemia. As medidas tomadas não são, a meu ver, suficientes. Vamos continuar a ver os números subir e não vamos desacelerar como poderíamos desacelerar se tivéssemos colocado os jovens em ensino à distância. Seria uma coisa de algumas semanas, não seria o semestre todo, mas seria o necessário para tomar uma ação decisiva neste momento", disse o especialista em entrevista à euronews.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa parece ter também dúvidas sobre a decisão de manter as aulas presenciais, uma vez que pediu uma nova reunião com os especialistas para avaliar a situação. O chefe de Estado assinou o decreto do governo sobre o fortalecimento das medidas, mas na nota da presidência especifica que vai haver uma nova reflexão com os especialistas sobre o atual ano letivo. Com o aumento do número de casos e de mortes por Covid, crescem os pedidos para medidas pelo menos tão restritivas como as de março.