Médicos alemães em Lisboa: "Mais um exemplo da solidariedade europeia"

Hospitais portugueses recebem ajuda de equiipa médica alemã
Hospitais portugueses recebem ajuda de equiipa médica alemã Direitos de autor Associated Press/ Armando França/ Arquivo
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De  Francisco Marques com Agência Lusa
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Os 26 profissionais de saúde germânicos vão trabalhar no Hospital da Luz, por ser a unidade que mais rapidamente os pode colocar a trabalhar nos cuidados intensivos da Covid-19

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Já está em Portugal a equipa médica das forças armadas alemãs enviada pelo Governo de Angela Merkel para ajudar a aliviar a pressão da Covid-19 sobre os hospitais portugueses.

Os 26 profissionais de saúde viajaram a bordo de um Airbus 400, da Luftwaffe, a força aérea alemã, desde Wunstorf, no norte da Alemanha, para Lisboa.

A equipa viaja para Portugal com o objetivo de ajudar a aliviar a pressão sobre as unidades de cuidados intensivos (UCI) do Sistema Nacional de Saúde devido à "guerra à Covid".

Os profissionais de saúde alemães vão ficar a trabalhar no Hospital da Luz, em Lisboa, informou o Ministério da Saúde.

A equipa germânica inclui oito médicos, 18 enfermeiras e entre o equipamento transportado para Lisboa estão 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e igual número de camas hospitalares.

O embaixador da Alemanha em Portugal disse tratar-se da "equipa de apoio médico inicial". "Eles têm previsto rodar no espaço de três semanas com uma nova equipa que virá dentro de 21 dias. Este é um apoio de longo prazo", afirmou Martin Ney, no momento da aterragem da equipa médica germânica.

Ao lado do representante diplomático da Alemanha em Lisboa estiveram os ministro portugueses da Defesa, João Cravinho, e da Saúde, Marta Temido.

Este é mais um exemplo da solidariedade europeia, da solidariedade entre países da União Europeia, que já beneficiou outros e hoje beneficia também Portugal.

"É assim que se faz a Europa. É assim que se vencem as grandes dificuldades.
Marta Temido
Ministra da Saúde de Portugal

A bordo do A400 da Luftwaffe viajou o chefe dos serviços médicos das forças armadas alemães. À partida, Ulrich Baumgärtner explicou a operação em curso com a enorme necessidade de Portugal e a a atual situação epidemiológica mais ligeira na Alemanha.

"Os hospitais estão sobrecarregados e é por isso que somos necessários em Portugal. Um país sozinho não consegue gerir a crise. Temos de nos manter juntos", afirmou Baumgärtner, reconhecendo que os recursos alemães mobilizados, humanos e materiais, são "claramente" insuficientes, mas mostrando-se determinado em fazer valer a ajuda alemã nesta "guerra".

"Apenas podemos dar uma pequena, mas importante ajuda com as capacidades limitadas de que dispomos, é o que desejamos.

Temos de pesar a situação [portuguesa] perante as possibilidades e as necessidades que também temos no nosso país."
Ulrich Baumgärtner
Médico-chefe Forças Armadas da Alemanha

A ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karenbauer, também já tinha reconhecido antes que "Portugal está numa situação dramática" e que, "nestas alturas, a solidariedade europeia é indispensável".

De acordo com o Expresso, a escolha do Hospital da Luz, em Lisboa, descrito como o maior e mais moderno da rede privada em Portugal, fica a dever-se a ser o único com capacidade para acolher de forma célere os 26 profissionais alemães e rapidamente lhes permitir iniciar o trabalho junto dos "doentes covid" nos cuidados intensivos.

O semanário, através da respetiva edição digital, acrescenta que também a rede privada de hospitais CUF foi contactada e mostrou-se igualmente disponível para ajudar.

A equipa médica germânica foi mobilizada durante o último fim de semana e tem previsto permanecer em Portugal durante três semanas, com a possibilidade em aberto desta ajuda ser substituída a cada 21 dias, se houver essa necessidade por parte de Portugal, lê-se num comunicado conjunto dos ministérios da Saúde e da Defesa nacionais.

A ajuda internacional a Portugal passa também pela Áustria, país que tem previsto em breve começar a levantar as restrições e para onde deverão ser transferidos alguns "doentes covid" portugueses.

A Espanha, único país com fronteira terrestre com Portugal, também foi contactado e está disponível para ajudar.

Quase 900 pessoas em UCI

Portugal anunciou entretanto, esta quarta-feira, mais 240 mortes e 9.083 novas infeções, revelando haver à data de hoje 6.684 doentes internados, uma queda de 91 em comparação com terça-feira, mas mais 25 noscuidados intensivos, onde há agora 877.

A nota positiva do boletim epidemiológico do dia foi o maior número de pessoas recuperadas do SARS-CoV-2 (11.218) em comparação aos novos casos diagnosticados.

Novo coordenador no Plano de Vacinação

A chegada da equipa médica alemã a Lisboa aconteceu horas depois de o primeiro-ministro António Costa ter visitado o Centro de Saúde de Alvalade e Parque para assinalarem o início da vacinação a maiores de 80 anos.

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O chefe de Governo esteve acompanhado por Marta Temido e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, também coordenador de região de Lisboa no combate à Covid-19.

Os governantes já saberiam da demissão de Francisco Ramos do cargo de coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, mas o único comentário que se ouviu sobre as irregularidades que têm sido reportadas no processo de vacinação anticovid, e que terão provocado a demissão, foi a frase de António Costa: "Quem não cumpre as regras tem de ser punido".

Ao final da tarde foi conhecido o nome do novo coordenador da equipa especial do plano de vacinação de Portugal. A escolha do Ministério da Saúde recaiu no número 2 da equipa especial responsável pelo Plano de Vacinação.

O vice-almirante Henrique Gouveia Melo revelou, após ser empossado por Marta Temido, que a prioridade passa agora pelas "áreas onde já houve falhas" com o objetivo de perceber porque aconteceram e "tentar evitar que se repitam”.

O novo coordenador do plano nacional considera, ainda assim, que o Plano "está a correr bem, tendo em conta quem já foi vacinado". "São 300 mil pessoas, cerca de 3% da população. As vacinas que chegam ao país são inoculadas em menos de uma semana", sublinhou o vice-almirante.

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Outras fontes • RTP, Público

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