Italianos despedem-se da liberdade e franceses escapam para Madrid

A Praça de Espanha, em Roma, este sábado
A Praça de Espanha, em Roma, este sábado Direitos de autor Alberto PIZZOLI / AFP
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De  Francisco Marques com AP, AFP, Ansa
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Os países da União Europeia continuam a gerir a propagação do SARS-CoV-2 de forma individual e os cidadãos também vivem de formas diferentes estes tempos

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Os italianos aproveitaram o bom tempo deste sábado para saírem à rua, em especial nas grandes cidades, antes de as novas restrições entrarem em vigor segunda-feira, afetando cerca de 48 milhões de habitantes nas 10 regiões entretanto colocadas a "vermelho" no mapa da Covid-19.

Apesar de terem vivido mais um dia com 26 mil novas infeções e 317 mortes ligadas ao SARS-CoV-2, há quem não concorde com o novo confinamento imposto pelo Governo de Mario Draghi.

Lucia Mollterni, professora do ensino secundário em Roma, nem consegue perceber. "Em especial depois de um ano com uma receita que não resultou. Porque não mudar a receita?" pergunta.

"Não sou perita nem sou médica, mas de um ponto de vista psicológico isto representa um prejuízo incalculável. Já para não falar do plano económico, em todas as classes. Estou absolutamente em desacordo", sublinhou Lucia Mollterni.

Para a posteridade, ficam as imagens de Roma, onde as ruas se encheram de gente a tentar desfrutar do que parecia tratar-se do último fim de semana disponível em liberdade.

A polícia viu-se obrigada inclusive a fechar partes do centro histórico, como a Fonte de Trevi, para tentar reprimir os ajuntamentos de multidões.

Em Milão, capital da Lombardia, uma das novas regiões no "vermelho", as autoridades também foram mobilizadas para tentar reprimir os ajuntamentos e tiveram mesmo de intervir para dispersar um grupo de 200 pessoas concentrada numa zona conhecida pelo convívio social.

Na sexta-feira, 14 pessoas foram apanhadas a jantar num restaurante milanês, onde estavam a ser atendidas por três empregados.

Nápoles foi, talvez, um dos bons exemplos. As medidas do presidente do governo regional de Campânia foram de uma forma geral respeitadas e, de acordo com a agência Ansa, nas ruas parecia haver mais agentes da polícia que civis.

França

Do outro lado dos Alpes, a Covid-19 também continua sem dar tréguas e a saturar hospitais, nomeadamente na região de Paris e na Alta França, de onde alguns "doentes covid" tiveram mesmo de ser transferidos para a Bélgica, onde algumas camas de cuidados intensivos foram disponibilizadas.

Com o balanço diário da epidemia a ficar muito perto dos 30 mil novos casos (29.759) e a registar mais 174 mortes em contexto hospitalar, o governo gaulês manteve-se firme nas medidas já em vigor, onde se destaca o recolher obrigatório entre as seis horas da tarde e as seis da manhã do dia seguinte, com os estabelecimentos comerciais não essenciais fechados e as atividades culturais ainda suspensas.

Nos "entretantos", porém, muita gente continua a assumir riscos e a juntar-se em convívios, sobretudo os jovens, indiferentes à preocupação das autoridades em aliviar a pressão sobre diversas unidades hospitalares

Em Paris, a polícia foi mobilizada para reprimir os ajuntamentos, repreender comerciantes que não promovem o uso de máscaras e fazer cumprir a proibição de consumo de álcool, por exemplo, nas margens do Sena.

Os estabelecimentos e centros comerciais com mais de 10.000 metros quadrados foram encerrados, informaram aos forças policiais parisienses a cinco de março.

Tudo para tentar travar a propagação do vírus e aliviar os hospitais.

Espanha

A facilidade de cruzar a fronteira para sul revela-se, no entanto, tentadora para muitos jovens franceses que, para escapar às restrições, têm rumado a Madrid.

O Governo da capital espanhola, atualmente liderado pela conservadora Isabel Diaz Ayuso, do Partido Popular, tem mantido um braço-de-ferro com o mais cauteloso Governo central, liderado pelo socialista Pedro Sanchez, e continua a permitir à economia funcionar quase na normalidade entre as 06 horas da manhã e as 10 horas da noite.

Famosa pelo ambiente de "movida", Madrid oferece bares e restaurantes com esplanadas e mantém atividades culturais, impondo apenas o recolher obrigatório entre as 11 horas da noite e as seis da manhã, o que não impede muitos dos visitantes de prolongarem a "animação" em quartos de hotel ou casas privadas, num contexto muito diferente do permitido em França ou mesmo em Portugal.

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Este tipo turismo representa já metade da atual ocupação hoteleira em Madrid, revelam dados de entidades locais do setor.

Alemanha e Dinamarca

Mais a norte na Europa, a fadiga social pelas restrições justificadas com a pandemia motivou este fim de semana novos protestos contra os respetivos governos.

Na cidade alem de Estugarda, mais de 700 pessoas manifestaram-se contra o que dizem ser "a ditadura do coronavírus".

Em Munique, também várias centenas juntaram-se perto do Parlamento regional da Baviera sob o lema “Um ano de política de confinamento – já chega!

Na capital dinamarquesa, por fim, o grupo conhecido como "os homens de negro" fez-se uma vez mais ouvir, pedindo liberdade para os dinamarqueses.

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Copenhaga acabou por palco de confrontos e, ao final da noite, a polícia anunciou a detenção de pelo menos duas pessoas.

Outras fontes • ekstrabladet

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