Pescadores queixam-se de competição com turbinas no mar

Pescadores queixam-se de competição com turbinas no mar
Direitos de autor ERIC HERCHAFT/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaGregoire Lory
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Pescadores queixam-se de competição com turbinas no mar

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É possível conciliar pescadores e turbinas eólicas no mar? É a captura de peixe ou é a produção de energia que deve ser a atividade económica a privilegiar, nomeadamente no mar do Norte? O debate está ao rubro, envolvendo, também, políticos e ambientalistas.

A sobreposição de atividades é já muito marcada nesta zona, queixa-se o diretor da associação de pescadores belgas, Emiel Brouckaert: "Para termos uma pesca sustentável, geralmente precisamos do máximo de espaço possível porque pescar é na verdade uma caça. Precisamos de encontrar as áreas mais sustentáveis para pescar. Naturalmente, a expansão das turbinas eólicas leva a uma grande ocupação da superfície marítima, o que nos prejudica".

A Comissão Europeia defende um aumento de 30% na produção de eletricidade a partir de turbinas eólicas offshore.

Os pescadores queixam-se que o transporte marítimo de mercadorias e o aumento das áreas protegidas já lhes torna a vida difícil. Os ambientalistas dizem que é preciso encontrar novos equilíbrios.

"A pesca é uma das muitas atividades que querem usar mais área marítima e há espaço para ela. Mas há tantas atividades de exploração do mar que devemos fazer um esforço de coordenação usando os planos de ordenamento marítimo. Esses planos devem ser organizados em respeito pelo ecossistema. A pesca é apenas uma das atividades no mar e é preciso saber fazer concessões", afirmou Sarah Vanden Eede, ambientalista na delegação belga da WWF.

Analisar soluções cruzadas ou apostar na inovação?

Num relatório apresentado quarta-feira, o eurodeputado neerlandês de centro-direita, Peter van Dalen, propôs encontrar novos mecanismos para compatibilizar as atividades: “O Mar do Norte tem, em particular, muitas áreas marinhas protegidas. Penso que deve ser analisada a possibilidade de colocar turbinas eólicas nessas áreas protegidas".

"Por outro lado, é preciso ver se nos parques eólicos marítimos existentes se pode fazer mais pesca. É um problema complicado, bem sei, e há muitas dúvidas sobre a segurança de pescar junto às turbinas, mas tudo isso deve ser analisado", acrescentou o eurodeputado.

Diz-se que este setor está muito evoluído, mas ainda existem muitas tecnologias que podem ser desenvolvidas para reduzir os impactos negativos e para permitir implementar projetos em zonas mais afastadas da costa.
Alexandre Cornet
Ambientalista, delegação da WWF para a UE

Para os ambientalistas, as zonas protegidas devem ficar fora desta equação e defendem maior aposta financeira na inovação tecnológica e científica para encontrar as respostas.

“Penso que a União Europeia deveria apoiar projetos de investigação e desenvolvimento, em particular sobre soluções mais inovadoras. Diz-se que este setor está muito evoluído, mas ainda existem muitas tecnologias que podem ser desenvolvidas para reduzir os impactos negativos e para  permitir implementar projetos em zonas mais afastadas da costa. O apoio através dos fundos europeus pode, efetivamente, ajudar a criar novas soluções”, explicou Alexandre Cornet, ambientalista na delegação da WWF para a União Europeia.

Atualmente, cinco mil turbinas eólicas estão distribuídas por 110 parques em espaço marítimo da União Europeia.

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