São Paulo bate recorde de mortos e ministro alarga vacinação no adeus

"Doentes covid" em trânsito para o hospital Vila Alpina, em São Paulo, Brasil
"Doentes covid" em trânsito para o hospital Vila Alpina, em São Paulo, Brasil Direitos de autor AP Photo/Andre Penner
Direitos de autor AP Photo/Andre Penner
De  Francisco Marques com AFP, AP
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

O governo paulista tinha estimado um agravamento para os 800 óbitos, mas a realidade foi bem pior. General Pazuello entrega Ministério da Saúde ao cardiologista Queiroga

PUBLICIDADE

O estado brasileiro de São Paulobateu o recorde diário de mortes no quadro da Covid-19 ao anunciar esta terça-feira o registo em 24 horas de 1.021 óbitos. É o equivalente a três mortes a cada quatro minutos.

O agravamento registado é superior à estimativa de 800 fatalidades que tinha sido anunciada sexta-feira pelo governo paulista liderado por João Doria, já acima do anterior máximo de 679 mortes estabelecido a 16 de março.

O jornal Folha noticia a existência de quase 29 mil "doentes covid" atualmente hospitalizados, incluindo mais de 12 mil nos cuidados intensivos (UCI), onde o agravamento da ocupação de camas terá sido de 40% só em março.

A taxa de ocupação de camas de UCI em todo o estado é de 91,2%, similar aos 91,3% estimados só na zona do Grande São Paulo.

A previsão é que, ao ritmo que as infeções se agravam (média de aumento de 300 por dia na última semana, descontando mortes e altas), em três dias as camas podem esgotar-se, se não houver um reforço da oferta.

Para o reformado José Eldson Santos, as restrições chegaram tarde a São Paulo e agora há ainda outro problema: a lenta vacinação.

"Quando tinham que fechar, já era tarde, e agora esta nesta segunda leva do vírus, que veio e que pegou todo mundo desprevenido porque ninguém sabe o que é. O nosso maior problema é a briga política, que atrasou a compra de vacinas", lamentou José Eldson Santos.

Ministro alarga vacina no adeus

O plano de imunização no Brasil deve, no entanto, acelerar nos próximos dias.

Ainda antes de entregar esta terça-feira a gestão do Ministério da Saúde ao cardiologista Marcelo Queiroga, o ministro cessante da tutela, o general Eduardo Pazuello, ordenou a utilização da totalidade das vacinas guardadas para segundas doses para aumentar as pessoas já vacinadas pelo menos uma vez.

Entretanto, no final da manhã desta terça-feira, em Brasília, o Presidente Jair Bolsonaro liderou uma cerimónia à porta fechada, noticiada pelo Folha, na qual deu posse ao novo ministro da Saúde, uma escolha muito criticada pelos partidos do chamado "centrão" parlamentar.

A cerimónia não foi sequer inscrita na agenda oficial de Bolsonaro, decorreu no gabinete da Presidência da República, sem convidados nem jornalistas.

O Folha perspetivou que a tomada de posse do novo ministro da Saúde fosse publicada em edição extra do Diário Oficial da União, a qual poderia incluir também a transferência do até aqui titular da Saúde interino, o general Pazuello, para a liderança do Programa de Parcerias e Investimentos.

Rio de Janeiro aperta confinamento

O município do Rio de Janeiro tenta combater de forma agressiva a propagação local do SARS-CoV-2, em rota contrária à estratégia uma vez mais defendida esta terça-feira pelo Presidente Bolsonaro de não fechar a economia.

Depois de mandar encerrar as praias, o presidente do município carioca, Eduardo Paes, decidiu na segunda-feira apertar ainda mais as medidas e, assim, o confinamento já em vigor vai encerrar ainda mais negócios, nomeadamente espaços de diversão, já a partir de sexta-feira e até ao domingo de Páscoa.

O decreto do prefeito (equivalente a presidente de câmara) prevê penas de prisão de até um ano para quem desrespeitar as regras.

Durante 10 dias, bares e restaurantes na cidade do Rio de Janeiro estão proibidos de atender clientes no local e apenas podem vender para fora, seja ao postigo ou através de serviços de entrega.

Também o comércio não essencial como "boates", museus, galerias e salões de cabeleireiro vão ter de fechar já hoje e assim permanecer até dia 4 de abril, no que está já a ser apelidado como "superferiado" do Rio.

A Agência Brasil noticiou esta terça-feira que há 18 cidades no estado do Rio de Janeiro sem camas disponíveis para cuidados intensivos e existiam segunda-feira 493 doentes a necessitar assistência intensiva em listas de espera.

PUBLICIDADE

Na outrora apelidada "cidade maravilhosa", a capital do estado, a secretaria estadual de Saúde registava uma lotação de 83% nas 744 camas disponíveis em UCI para "doentes covid".

Após a última atualização da situação epidemiológica (segunda-feira, às 19h10 locais (21h10, em Lisboa), o Brasil mantinha-se destacado como o segundo país mais afetado do mundo pelo SARS-CoV-2, com 12 milhões de casos confirmados e mais de 295 mil mortes.

Editor de vídeo • Francisco Marques

Outras fontes • Agência Brasil, Folha e G1

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Covid-19 pior que nunca no Brasil

"Situação crítica" nos hospitais impõe recolher obrigatório em Brasília

Vestidos de vermelho e branco, milhares de brasileiros celebram o Dia de São Jorge