Crise no canal do Suez estará para durar

A autoridade do canal do Suez decidiu suspender a navegação na passagem até estarem concluídos os trabalhos de remoção do porta-contentores de bandeira panamiana e propriedade japonesa. O encalhe do Ever Given está a provocar perturbações no comércio marítimo mundial, já que 10 % do tráfego mundial passa pelo canal.
As embarcações acumulam-se. Já há 150 navios à espera para atravessar. Os trabalhos podem demorar.
Haizam Amirah Fernández, analista sénior do Real Instituto Elcano de Madrid, questiona "como é possível mover um navio tão grande sem lhe causar danos na estrutura? Seria catastrófico. Se isso acontecer, então o bloqueio poderá durar mais tempo. Pode mesmo suceder um derrame ou outros possíveis danos, não só na estrutura mas também no canal. Portanto, neste momento é apenas uma questão de tempo, para ver o que pode ser feito. As marés também são importantes".
O proprietário do navio pediu desculpas e declarou estar a fazer tudo o que é possível para desbloquear a embarcação. O secretário-geral do gabinete japonês, o equivalente a ministro de Estado, também se desculpou. Katsunobu Kato declarou que "continuaremos a dar o nosso melhor para remover o navio para encontrar uma solução rápida. Pedimos as nossas sinceras desculpas por causar uma grande preocupação aos navios programados para navegar e a todos que estão ligados".
O acidente terá sido provocado por uma rajada de vento durante uma tempestade de areia no Egito.
O bloqueio está a provocar a subida do preço do petróleo, já que o canal é ponto essencial para passagem do chamado ouro negro. A cotação do barril de Brent para entrega em maio terminou no mercado de futuros de Londres na quarta-feira em alta quase 6%.