Trombose causa 33% das mortes ligadas à Covid-19

Uma idosa é vacina contra a Covid-19 em Barcelona, Espanha
Uma idosa é vacina contra a Covid-19 em Barcelona, Espanha Direitos de autor AP Photo/Emilio Morenatti
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De  Francisco MarquesAna Buil Demur
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Diretor de um projeto sobre a relação entre o SARSCoV2 e episódios trombóticos fala em exclusivo com a Euronews e explica o problema com a vacina AstraZeneca/Oxford

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"Que 60% dos pacientes nos cuidados intensivos tenham sofrido um evento trombótico e que esta seja a causa de pelo menos 33% das mortes éuma autêntica barbaridade", afirmou o médico espanhol José Manuel Soria, em entrevista exclusiva à Euronews, numa altura em que se mantêm suspeitas de que a vacina AstraZeneca/Oxford possa provocar episódios de trombose.

O diretor da Unidade de Genómica de Doenças Complexas no Instituto de Investigação Biomédica do Hospital de Sant Pau, em Barcelona, lidera desde há um ano o projeto PRESCIS-COVID19, uma investigação sobre o impacto da trombose nos "doentes covid" com o objetivo de desenvolver um algoritmo que permita identificar rapidamente os paciente em risco de sofrer uma trombose e permitir-lhes um tratamento anticoagulante preventivo.

"O problema é que a trombose está muito subdiagnosticada e mesmo assim os dados são alarmantes", salientou José Manuel Soria.

O médico explicou-nos que "o impacto da trombose nos pacientes com covid é muito alto e por isso a Sociedade Internacional de Trombose e Hemóstase, desde março do ano passado, recomendou tratar os pacientes internados com Covid com heparina de baixo peso molecular, isto é, receberem um anticoagulante de forma profilática".

"O cerne da questão está em saber quais os pacientes a quem temos de dar doses altas e a quais temos de dar doses baixas", acrescentou Soria, defendendo ser necessário "personalizar o tratamento anticoagulante" nos doentes e "é isso que falta": "Não temos ao dia hoje nenhuma ferramenta que nos diga com precisão quais os pacientes que vão sofrer um episódio trombótico."

Otimismo pelo algoritmo

Com previsão de publicação em breve, os resultados preliminares do PRECIS-COVID19 parecem ser bons.

"Estamos muito otimistas porque temos já um resultado-beta [experimental] com uma alta capacidade de prever o risco de trombose", revelou-nos José Manuel Soria.

Olhando depois para a proposta de combate à covid-19 desenvolvida pela farmacêutica sueca AstraZeneca em parceria com a universidade britânica de Oxford, que chegou a ser suspensa no plano de vacinação de muitos países europeus por suspeita de ligação a episódios fatais de trombose, o médico espanhol explicou-nos que "o problema com esta vacina é que parece estar associada a uma trombocitopenia, uma diminuição do número de plaquetas".

A suposta consequência, prossegue Soria, pode acontecer "devido ao desenvolvimento de anticorpos que reconhecem as plaquetas e as eliminam".

"Considero que devemos estar muito atentos a todos estes casos e, sobretudo, como me parece ter feito a EMA (sigla original para Agência Europeia de Medicamentos), informar muito bem a sintomatologia para que qualquer pessoa vacinada com a AstraZeneca saiba identificar os sintomas e possa rapidamente procurar ajuda médica", defendeu o líder do projeto PRECIS-COVID19.

Apesar dos casos revelados em países como a Noruega e a Suécia, onde algumas pessoas inoculadas com a vacina AstraZeneca/Oxford morreram vítimas alegadamente de episódios trombóticos, a EMA manifestou total confiança na segurança da vacina em causa e reiterou que os benefícios superam largamente os riscos sob suspeita e ainda sem evidência científica estabelecida.

A Sociedade Internacional de Trombose e Hemóstase também se mostra favorável a manter a vacina AstraZeneca/Oxford em uso para todos os adultos elegíveis nos planos de vacinação em curso contra a Covid-19.

Outras fontes • farmacsalud.com

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