Desalojados pelos Jogos Olímpicos - Paris 2024

Desalojados pelos Jogos Olímpicos - Paris 2024
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Na Seine Saint-Denis, no norte de Paris, a revolução já começou e muitos foram desalojados para preparar o terreno para acolher os Jogos Olímpicos

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Os preparativos para os Jogos Olímpicos de Paris estão em andamento e um subúrbio do norte da capital francesa está a ser submetido a uma grande revolução, para acolher a edição de 2024 do evento.

Mas enquanto muitos estão ansiosos pela chegada à cidade do maior espetáculo desportivo do mundo, outros dizem que as suas vidas já foram completamente alteradas pelo projeto.

A correspondente da Euronews, Anelise Borges, foi ver o lado dos que têm muito a perder com os jogos.

Pode não parecer ainda, mas a região da Seine Saint-Denis será, em breve, o palco do maior evento desportivo do mundo. Partes deste subúrbio do norte da capital francesa acolherão estruturas olímpicas que - dizem os organizadores - serão o maior legado dos Jogos de Paris.

Comprometido a não deixar "elefantes brancos" para trás, o comité local prometeu adaptar e converter a maioria dos sítios e construir apenas o que é necessário: incluindo uma piscina olímpica e uma nova aldeia olímpica.

"Esta transformação radical dará lugar a alamedas arborizadas, edifícios modernos e espaços de vida tranquila nas margens do rio Sena. Mas a área de 52 hectares destinada à aldeia olímpica é o lar de pessoas a quem foi dito que tinham de partir", explica Anelise.

Boubakar Diallo concordou em mostrar-nos o que resta do lugar onde viveu durante os últimos 20 anos. A sua antiga casa ainda está de pé, mas não por muito tempo.

Esta residência para trabalhadores migrantes está agora destinada à demolição, para dar lugar aos Jogos Olímpicos de Paris.

"Os Jogos Olímpicos são o quê? Um mês, dois meses? Porque é que se destrói toda uma vida por causa de um ou dois meses?" Pergunta.

Aqui vivam 300 pessoas - algumas durante décadas -. Foi-lhes dado 3 meses para desocuparem as instalações.

Nicolas Ferrand, diretor-geral da Solideo, a empresa pública que supervisiona os projetos de construção do Comité Olímpico Francês, esclarece: "Construímos residências provisórias, nas quais as pessoas serão alojadas, porque temos de demolir os imóveis até ao final de 2021".

Os alojamentos erguidos pela Solideo são temporários. Boubakar Dial afirma, enquanto vai tocando nas paredes: "Não sei se usaram papelão... É realmente frágil".

Os trabalhadores não acreditam que as autoridades lhes dêm aloamento permanente no próximo ano, agora que se livraram deles.

"Penso que os Jogos Olímpicos são um pretexto porque quando sugerimos que depois dos Jogos Olímpicos, voltássemos ao nosso antigo edifício e eles disseram que não. As autoridades aproveitam eventos como este para transformar, desfigurar os bairros e remover os habitantes que não querem lá", diz Diallo.

Com as receitas esperadas dos direitos de transmissão televisiva, marketing, patrocínios, venda de bilhetes e turismo, a cidade de Paris espera ganhar bastante com as Olimpíadas. Mas, mesmo antes do início dos jogos, alguns sentem que já estão a perder.

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