Funerais das vítimas da controversa operação na favela do Jacarezinho

Funeral de Márcio Ribeiro, de 43 anos, morto no decorrer da operação policial de quinta-feira
Funeral de Márcio Ribeiro, de 43 anos, morto no decorrer da operação policial de quinta-feira Direitos de autor AP Photo/Bruna Prado
De  Francisco Marques
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O funeral do polícia que morreu no exercício da função, em plena operação, decorreu sexta-feira. Os alegados criminosos começaram a ser enterrados no sábado, mas as queixas contra a ação da polícia aumentam

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Começaram a ser enterradas as vítimas da operação policial de quinta-feira na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, Brasil.

A operação teve um desfecho sangrento, com o balanço de vítimas revisto pelas autoridades para 29 mortos, incluindo um agente da polícia, o inspetor André Frias, já enterrado na sexta-feira.

Sábado decorreram os funerais de cinco pessoas em dois cemitérios cariocas e este domingo deverão decorrer as cerimónias fúnebres de outras 13 vítimas da polícia. Restando outros 10 alegados criminosos.

Algumas testemunhas da operação acusaram a polícia de ter invadido casas particulares sem ter ordem judicial e de ter executado algumas das vítimas mesmo depois de elas se terem rendido.

Alguns dos detidos no decurso da operação "relataram em audiência de custódia", citada pelo jornal Folha de São Paulo, "terem sido agredidos, ameaçados e obrigados por policiais a carregar corpos naquela manhã, segundo a Defensora Pública".

"Citaram socos, chutes, coronhadas, agressões psicológicas, ameaças de morte. Disseram que foram obrigados a carregar corpos para 'caveirões', o que também indica que houve 'desfazimento' de cenas de crime. Um deles ainda relatou que presenciou a execução de duas pessoas detidas dentro de uma casa. Puseram ali e executaram com tiros de fuzil", descreveu a defensora Mariana Castro, coordenadora do Núcleo de Audiências de Custódia que participou das audiências.

Queixas por alegado abuso policial

A operação na favela do Jacarezinho motivou queixas de diversas organizações de direitos humanos como a Amnistia Internacional ou a Human Rights Watch.

Também o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao Ministério Público brasileiro uma investigação independente ao ocorrido na quinta-feira, descrito pela Agência Brasil como a operação policial mais letal na história do Rio Janeiro.

"Após possivelmente a operação policial mais mortal em uma década, pedimos uma discussão inclusiva sobre o modelo de policiamento nas favelas, onde as populações pobres e marginalizadas estão presas em um ciclo vicioso de violência letal", escreveu a Agência da ONU para os Direitos Humanos nas redes sociais.

A polícia civil garantiu que além do agente morto no exercício da função, todas as vítimas mortais eram criminosos e estavam ligadas ao narcotráfico da quadrilha "Comando Vermelho".

A polícia disse ainda estar convicta de ter agido de acordo com o plano, de forma eficaz e aceitável, sob as ordens do Ministério Público, assegurando ter-se apenas defendido de forma recíproca da receção violenta de que alega ter sido vítima quando tentava cumprir a operação contra o narcotráfico no Rio de Janeiro.

Editor de vídeo • Francisco Marques

Outras fontes • Agência Brasil, G1, Folha de São Paulo

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