União Europeia aprova ajuda militar a Moçambique

A União Europeia aprovou esta segunda-feira o envio de uma missão de militar para Moçambique.
O objetivo é "treinar e apoiar as forças armadas moçambicanas na proteção dos civis e no restabelecimento da segurança na província de Cabo Delgado", onde desde 2017 uma crescente insurgência jiadista tem aterrorizado a região, muito rica em recursos naturais.
De acordo com a informação divulgada pelo Conselho da União Europeia, o agravar da violência naquela região no norte de Moçambique já provocou "mais de 700 deslocados internos".
"É estimado que pelo menos 1,3 milhões de pessoas em Cabo Delgado e nas províncias vizinhas de Niassa e Nampula necessitem de ajuda humanitária e proteção", sublinha o organismo europeu.
À entrada para a reunião do Conselho de ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, o português Augusto Santos Silva sublinhou a importância desta decisão europeia para a mobilização de uma missão intitulada "EUTM Moçambique: "É um passo muito importante na ajuda a Moçambique na luta contra o terrorismo."
Portugal assume a missão
A missão europeia será liderada no terreno pelo português Nuno Lemos Pires, que, à Lusa, "um imenso orgulho" nas funções que lhe foram conferidas.
“É uma missão importantíssima da parte de Portugal e da União Europeia (UE), extremamente relevante para o que podemos fazer para melhor ajudar Moçambique”, disse o brigadeiro-general do Exército, atual subdiretor-geral de Política de Defesa Nacional no Ministério da Defesa Nacional e professor da Academia Militar.
Lemos Pires considerou ainda "muito importante esta ajuda que a UE está a dar" porque faz parte dos "valores que defende, e na prática, é o que faz: ajudar a dar paz e desenvolvimento", sublinhou o brigadeiro-general e chefe no terreno da "EUTM Moçambique".
A missão europeia começa agora a ser colocada em prática e deverá estar em pleno funcionamento em outubro. O prazo da missão é de dois anos.
Numa mobilização de urgência após um ataque violento em março deste ano à vila de Pemba, na província de Cabo Delgado, com um português entre as dezenas de feridos, Portugal enviou desde então mais de uma centena de soldados para reforçar o efetivo militar em Moçambique.
O último contingente de 60 soldados portugueses partiu em maio, no quadro de um acordo celebrado a 10 de maio entre os governos de ambos os parceiros lusófonos.
Na sexta-feira, chegaram também a Moçambique um milhar de soldados do Ruanda, no âmbito de um pedido de ajuda militar entre os dois países africanos, e, ainda esta semana, é esperada em Cabo Delgado uma força militar da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).